A Revolta da Guilhermina! - Capítulo V



 A Revolta da Guilhermina – Capítulo V
 A Revolta da Guilhermina! - Capítulo V



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— O Mauro está aí? Gostaria de falar com ele por alguns minutos.

A moça que atendera a Guilhermina respondeu-a com um tom de voz agressiva enquanto apertava o lençol em seu corpo para não cair.

— Deixa ver se os meus ouvidos escutaram bem. Repete em voz alta e de forma lenta. Perguntaste por quem mesmo?

Aquela questão repleta de chuviscos salivares, deixou a Guilhermina sem forças para levantar a sua língua e expelir qualquer palavra. Segundos depois, ondas gigantescas de medo e desespero espancavam fortemente seus neurónios deixando-a num silêncio entranhado.

— Senhora, perdeu a língua ou tem ouvidos entupidos? - Aproximou-se da Guilhermina e olhando atentamente de baixo para cima questionou. — Vai responder agora ou quer sair daqui em cinco segundos sem vestido, brincos e sapatinhos?

Enquanto passava a mão direita na face fingindo ter recebido uma picada, Guilhermina respondeu:

— Desculpa, é que fui picada por uma mosca tsé-tsé e fiquei um pouco sonsa.

— Sua assassina de extintos sexuais! Sabes quanto custa retirar alguém duma troca de fluidos orgânicos? – Guilhermina tentou responder e foi golpeada com outra questão insalivada. — Fecha matraca, tu tens a noção do perigo de fazer alguém renunciar um orgasmo agendado? Sabe qual é o crime de cortar a energia libidinal de uma embriaga e morta de prazer? Achas que é fácil reaquecer o um motor de calibre 50 de um homem após uma parada brusca de ejaculação?

Guilhermina limpou os chuviscos na sua cara e afastou-se dizendo:

— Mais uma vez, peço imensas desculpas, minha senhora. Apenas queria falar algo importantíssimo com o meu ex-empregado e, em nenhum momento tive a intenção de retirá-los do paraíso sexual.

Sem piedade alguma, Guilhermina foi cortada outra vez com palavras duras.

— Sua desnaturada! Então és tu, que despejaste o coitado do Mauro, e de bónus, entulhaste-o de palavras insultuosas, simplesmente por ter revelado que te amava. – Guilhermina encolhia o seu rosto enquanto ouvia aquelas verdades. — Fizeste-lhe chorar dias e noites e hoje, tens a enorme coragem de procurá-lo para pisá-lo ainda mais?

Com a cabeça inclinada ao chão que se traduzia num arrependimento profundo e de vergonha das suas acções do passado, Guilhermina respondeu:

— Sim! Infelizmente sou a tal pessoa que fez isso com ele. Mergulhei-me numa chuva de ignorância, fiz-lhe tomar um banho de desprezo e despejei-o de forma desumana. Todavia, arrependi-me de tudo que fiz e vim redimir-me de todo mal e quero que volte para mim. Acho que sou apaixonada por ele.

— Acho que sou nhé, nhé, nhé por ele! Como ainda tens a coragem encher a sua matraca para falar disso com maior naturalidade. A Senhora merecia um banho de abelhas ferozes para picarem essa sua cara feia e nunca mais voltar a fazer uma coisa dessa. – Com sorriso sarcástico Florência informou. — Para seu azar e desprazer, a senhora perdeu o Mauro faz tempo, está muito feliz e duvido que volte para si.

Guilhermina ficou gelada e seu rosto começará a dizer poemas de tristezas ao ouvir que perdera o Mauro e, perdeu o controlo de si pegando a Florência e abanou-lhe como se estivesse sacudindo um saco de milho questionando:

— Como assim? Onde está o Mauro? É teu namorado? Diga-me, sua vadia!

Florência agarrou os cabelos da Guilhermina respondendo-a:

— Vadia é sua mãe que te pariu sem prazeres sexuais, tire suas mãos nojentas de mim. - Puxa para cá e puxa para lá! — Está me deixar nua, sua pu… de merda. Se eu me zangar, vou te fazer estragos. Larga-me já, sua feia sem beleza.

Enquanto a Guilhermina tentava retirar o lençol do corpo da adversaria, suas extensões foram puxadas com muita força e ficaram nas mãos da Florência, deixando-a com a cabeçada toda desfigurada.

— Viste, destruíste os meus cabelos importados do Brasil, sua bruxa. Sabe quanto custou isso? Vai conseguir pagar isso?!– Lamentou Guilhermina com desespero e dor.

Puxando o lençol para cima do seu corpo, Florência respondeu:

— E a senhora sabe quanto custa a minha exposição dos órgãos genitais?

Naquele infinito bate-boca, eis que aparece o marido da Florência para entender o porquê daquela troca de insultos e gritaria. Sem camisa e com um ponto de fuga desenhando seus calções:

— O que estás acontecendo no meu casa. - Olhando para Guilhermina. — Afinal você és quem que és que vens lutar-se na minha terreno. – Retorquiu o marido da Florência com falas desregradas que denunciavam a falta de intimidade com a língua portuguesa.

— Não é essa vadia que tentou me agredir na minha própria casa e deixou-me nua. Será que ela não sabe que o Mauro vendeu-nos o terreno e casa e foi-se embora. - Respondeu Florência enquanto amarrava o lençol em seu corpo.

Guilhermina ficou congelada ao perceber que lutara em vão e que o Mauro vendera a casa e partira para outro lugar. Não conseguindo dizer sequer uma palavra, simplesmente caiu de joelhos e chorou gritando.

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Meque Raul Samboco, 2017!





Fernando Absalão Chaúque

Professor, escritor, poeta e blogueiro. Licenciado em Ensino da Lingua Inglesa. Autor de ''Âncora no ventre do tempo'' (2019) e co-autor de ''Barca Oblonga'' (2022).

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