A Única ou Lágrimas Derramadas por Amor - IV Capítulo


A Única ou Lágrimas Derramadas por Amor - IV Capítulo

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Depois que Brown pôs os pés no gabinete do chefe da polícia, foi lhe servido um relaxador de nádegas. Respeitosamente senta-se e olha pelos cantos do gabinete. No canto esquerdo da secretária vê uma placa escrita Fernando Mbalame Ya Moto. Mbalame é um homem de postura erguida até aos cabelos, parece muito determinado, "os polícias agem assim para intimidarem o cidadão’’. – Brown pensou. Em seguida foi questionado o que lhe tinha levado à esquadra e sugerido que começasse a dar o seu depoimento.

Brown narra em fragmentos os acontecimentos que outrora lhe deixaram com medo como uma mulher no escuro. Passo a passo, fala do palco que fora o seu domicílio e com raiva dos que o saquearam os bens. De repente é interrompido com os “batimentos” da porta do gabinete, era uma mulher de pele iluminada como as mulheres de cinema, olhos castanhos e globais como os das borboletas. A mulher estava em cima de um salto alto de dez andares; era cheirosa e estava munida de charme, trazia uma saia com uma racha, sorria de lábios rosados de batom com a cor do amor que roubou atenção de Brown logo naquele instante, entreolharam-se levemente e a senhora proferiu:

- Desculpa interromper, chefe.

- Sim detective Chefe, qual é a novidade? - Questionou o chefe Mbalame com um sorriso completamente rasgado.

- Fomos apunhalados pela frente desta vez.

- Quem se atreveu?

- É a central, ligaram informando que devemos partir para a zona menos penosa da cidade.

- É da Munhava que te referes?

- Sim Chefe, está a decorrer um linchamento neste exacto momento e a central julga-nos competentes para a resolução deste problema.

Brown quieto, olhava-a atentamente como se contemplasse uma jóia, movimento por movimento, passo por passo, não queria perder nada daquela mulher, pois se parecia com a Celina, essa mulher é a Celina – pensava Brown – que já se sentia completamente atraído e tentava sem sucesso olhar para o crachá e ver o nome. A beleza daquela mulher ofuscava os olhos de Brown e tirava-lhe a concentração do que narrava. Então Mbalame Ya Moto prosseguiu dizendo:

- Não há outra jurisdição que pode tratar deste assunto?

- Parece que não, Chefe.

- Então pegue nos rapazes da intervenção rápida para lá – Ya Moto  ordenou.

- Sim, Chefe, é para já.

- E antes de nada mais, atende este senhor, ou melhor ficas tu encarregada a solucionar o caso dele pois é muito delicado e precisa de uma investigação musculosa.

Olham-se novamente e a polícia tira um cartão do seu bolso e diz:

- Brenda Nhanzeti, detective chefe desta jurisdição, este é o meu cartão qualquer coisa entre em contacto comigo.

- E quem vai comigo até ao local do crime? - Indagou Brown olhando para ela todo entusiasmado e fascinado.

- Dois dos meus agentes estarão com o senhor para começarem com a investigação e em breve tudo estará em minhas mãos e cuidarei eu própria do caso, fique bem senhor até mais...

Enquanto seguia-se a vez do indivíduo ensanguentado, Brown tira o celular para fazer uma chamada, ligava mas sem resposta, só caia na caixa de mensagens. E de repente o indivíduo ensanguentado vocifera:

- Senhor, eu vou te processar.

Toda a esquadra virou atenta para o gabinete do chefe.

- Senhor acalme-se por favor, por que veio até aqui? - Indagou o Mbalame

- Não é desse jeito que se fazem as coisas... - Continuou o indivíduo.

Num instante Brown estava em casa com os polícias, olhava a sua casa sendo vedada e um dos polícias disse:

- O senhor não pode passar a noite aqui, é local do crime, precisamos procurar evidências que podem nos ajudar a pegar os mbavas.

O Brown acenou com a cabeça de cima para baixo por duas vezes confirmando que passaria a noite noutro lugar. Em seguida pega no celular e faz uma ligação para seu companheiro de infância, Silvério, informa que ia ao seu encontro e desliga. Silvério estava nos romances com a namorada e então disse:

- Vem para aqui o Brown, tens de ir, ele não pode nos ver juntos!

- Eu cansei se ser tratada desse jeito, até quando vais me esconder? - A mulher vociferou.

- Amor, acalme-se é só questão de tempo, logo estarás assumida para o mundo como minha esposa!! - Disse beijando-a.

- Tens de terminar logo este teu plano - Respondeu a mulher vestindo-se.

- Temos que terminar juntos, afinal juntos começamos. Ai de me usares só como pano de fundo, te juro Silvério eu te mato com as minhas próprias mãos.

- De onde você tirou essa ideia? Você é minha e envelheceremos juntos.

- Melhor que assim seja, ou conto para ele tudo que está a acontecer. – Ameaçou.

- Mulher, não me teste os neurónios, viro uma fera tu me conheces. - Respondeu Silvério todo rugoso.
- Que vire uma fera, mas lembre-se não és imortal amado. - Ironizou a mulher.

- Veste logo e vai embora... !!

A mulher sai apressada, enquanto os raios do sol envelheciam, o alcatrão ocupava o mundo de lês à lês, quebrada por quebrada no bairro da Ponta Gêa. O tempo galopava a passos largos, as ruelas careciam de peregrinos, o silêncio era só silêncio andando silenciosamente a passos curtos como quem obriga os pés a caminhar. Brown anda apressado, precisa de um ombro amigo para desabafar, sorrir e chorar pelas tristezas que lhe fazem filho da dor. Num instante, Brown chega a casa do amigo, toca a campainha, é atendido, infiltra-se após a autorização e o Silvério questiona:

- Brown ultimamente andas muito estranho, o que se passa?


-Continua-




Autor: Richard Priminta

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