Pais desatentos, veneno para os filhos - Capitulo III


Pais desatentos, veneno para os filhos - Capitulo III

Pais desatentos, veneno para os filhos - Capitulo III

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Chegados à esquadra, um dos cinzentinhos disse:
- Boa tarde, meus senhores. Aguardem por um instante!

Sentaram-se numa das bancadas que lá havia por um período maior há duas horas, pois, os cinzentinhos encontravam-se em uma profunda discussão acerca do jogo entre Real Madrid e Barcelona.

- Meu brada, em verdade te digo, "REAL" já venceu esses fraquinhos do "BARÇA"! - Declarou Adérito Magaia com tanta convicção.

- Rsrssrsrss... Aí que te enganas meu pobre amigo! - Pedro das Dores contrapôs. - Os únicos fraquinhos débeis são as meninas do "REAL"! Sim, aqueles são meninas!

- Vejo que não entendes nada de futebol! Eu garanto-te que o "CR7" fará maravilhas nesse "game". Queres apostar?
- Você só faz com que os meus músculos faciais contraíam-se! Aposta aceite, 500mt. Quem estiver certo leva os Samoras, mas digo-te de antemão, "BARÇA" já venceu! - Acrescentou o Pedro das Dores.

O Adérito abriu as entranhas da sua boca e pariu um riso ensurdecedor:
-Isso é o que vamos ver!

O senhor Francisco e a esposa já estavam fartos de aguardar. Ademais, as suas nádegas já se queixavam de dor.
- Afinal de contas, esse país não serve para nada! - Afirmou o senhor Francisco, com os nervos engolindo-lhe o sossego. - Eu não sei o porquê de ainda existirem esquadras, hospitais e outras instituições públicas nesse miserávuel e corrupto país.

Interrompeu o seu discurso pontiagudo, engoliu uma quantidade de saliva, tirou um lenço do bolso esquerdo, limpou o rio de suor que lhe tinha inundado a face.

- Estamos aqui há mais de uma hora e nem sequer nos deram ouvidos. É por essa causa que o nosso país sempre terá maior taxa de mortalidade, visto que nos hospitais acontecem coisas semelhantes. Em vez de atender os pacientes que madrugam, atendem os que lhes oferecem valor monetário.

A esposa tentou interrompê-lo, mas isso dava-lhe mais força de continuar, era como se ela estivesse tentando apagar o fogo com gasolina.

- Fecha essa maldita boca! Onde tu pensas que estás?

Essas palavras foram proferidas por um indivíduo de baixa estatura, calvo, desprovido de beleza. Também era barrigudo, a sua cor era privada de luz, o discurso militar classificava-o como Comandante da sétima esquadra.

O Francisco não disse sequer uma palavra, pois o seu órgão responsável pelo bombeio de sangue pulsava como as batidas dum batuque.


- Espera aí, tu não és o Francisco.


- Continua -
Fernando Absalão Chaúque

Professor, escritor, poeta e blogueiro. Licenciado em Ensino da Lingua Inglesa. Autor de ''Âncora no ventre do tempo'' (2019) e co-autor de ''Barca Oblonga'' (2022).

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