Pais Desatentos |
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Depois de alguns
minutos de silêncio, o senhor Francisco põe-se a rir disfarçadamente.
- Devo estar a enlouquecer! Isso só pode ser uma
brincadeirinha de mau gosto. Catarina, diga-me que nada disso está acontecendo.
- Custa-me acreditar mas essa é a realidade, meu amor!
- Pare de me chamar de amor. Foi por sua culpa que a
minha filha se foi! Eras tu quem a maltratava, eras tu quem a proibia de
brincar com as amigas! -
Sobrecarregou toda culpa na esposa.
- Hmm... Estás a exagerar demais. A filha é
muito nossa e não só sua. Tu sabes muito bem que a carreguei durante nove meses
no ventre! - Retorquiu a dona Catarina. - A culpa é nossa e nós temos que fazer alguma coisa para reverter essa
situação! - Acrescentou.
- Cala-te mulher, tu não tens direito a opinar
aqui na minha casa, senão encho-te a cara de cicatrizes. - Disse o senhor
Francisco furiosíssimo.
- Amor, esse não é o momento de estarmos a
discutir sabendo que a Laura está nas ruas dessa cidade violenta.
- Eu já disse para te calares! Disse o senhor Francisco enquanto tirava o cinto.
Dois por três, gritos
de socorro nascem da casa do senhor Francisco.
O senhor Abdul,
conhecido como "a vuvuzela" da zona aproxima-se para fazer mais uma
reportagem.
- Pare com isso senhor Chico. É isso que te
ensinaram a fazer lá na Tropa? -O senhor Abdul questionou enquanto segurava
o Chico firmemente. - Digam-me o que se
está a passar convosco.
- Isso tudo é por causa do sumiço da Laura.
Ela deixou um bilhetinho hoje cedo dizendo que estava fugindo de casa e o Chico
ficou acusando-me de ter sido a responsável. - Explicou a esposa enquanto
lacrimejava. - Eu tentei acalmá-lo mas
ele não quis e do nada começou a me espancar!
- Além dos dois estarem aí a colocar a culpa
um no outro, vocês tinham que recorrer às autoridades e do mesmo modo informar
a vizinhança acerca do sumiço para que possam vos ajudar a achar a vossa filha.
- Quem foi que te deu a permissão de entrar no
meu teto? Seu fofoqueiro da mierda, saia da minha casa imediatamente!
Ordenou o Chico.
- Senhor Chico, eu vim cá simplesmente para ajudar, pois
eu ouvi gritos de socorro! Abdul
retorquiu.
- O senhor adora se intrometer em assuntos que
não lhe dizem respeito. – Chico afirmou. Eu não admito esse tipo abuso, eu faço e desfaço aqui em minha casa,
visto que a esposa e a filha são minhas e não suas, seu estéril!
Foi quase uma
eternidade de discussão e o senhor Abdul só lhe apetecia sair dali, pois as
palavras vindas do senhor Chico assemelhavam-se a uma espada de dois gumes.
- Vejo que o senhor tem problemas sérios! Dona
Catarina, eu já me vou embora e não gostei nada do que seu marido disse!
Disse o Abdul enquanto se retirava.
- Uffah... Finalmente a vuvuzela em pessoa se foi!
Disse o senhor Francisco aliviado.
- E agora amor, o que vamos fazer? - Se
recorrermos às autoridades, nós estaremos encrencados! - Comentou a dona
Catarina.
- Pois fique sabendo mulher que eu não tenho
medo de nenhum policial. - Disse o senhor Francisco batendo a mão no peito.
- Eu fui o general mais importante no
tempo de guerra dos 16 anos, e também esses polícias que tu vês por aí, foram meus
alunos em Matalane e obrigatoriamente me devem favor!
- Eu sei disso, amor, então vamos imediatamente
à esquadra.
Saíram às pressas
em direcção à sétima esquadra e pelo caminho o senhor Francisco foi ameaçando a
esposa de modo a não dizer nada acerca dos maus tratos.
E quanto mais eles se
aproximavam da esquadra o coração da esposa acelerava os batimentos e chegou a
atingir 180/h. Ela estava com medo de encarar o comandante que todos os
cidadãos termião.
Depois de terem
chegado à esquadra, um dos "cizentinhos" disse:
-
*(Continua)*
Autor: Mitó Dygueh
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