A Mulher Tem Força (Amor Poligâmico) - Capitulo II


A Mulher Tem Força (Amor Poligâmico) - Capitulo II
Photo by Ceelt| Edited by Lareira do Benozório
Leia o Primeiro Capitulo AQUI


Dizem que a infância é a fase mais doce da vida, porém eu não vou falar muito da minha, pois eu não acho que tenha sido interessante tão quanto depois dela, irónico para mim que sou a dona não ter sido, não imagino para vocês que gastaram a vossa vivendo como puros adultos e tomados pela vaidade que chamam de “modernidade”. Eu sei, vocês estão com vontade de olhar na minha cara e dizer – vovó os tempos são outros.

O clímax da minha vida, começou na época em que vi jorrar entre as minhas coxas pela primeira vez, nesta época tudo começou a ficar intenso, isto sim, vocês vão achar interessante, talvez porque vai vos lembrar as novelas europeizadas que vos consomem as personalidades como a o lume consome a vela.

Nesta época, eu e meu unico irmão Madina éramos felizes de um jeito que vocês não podem perceber, pois para alguns de vocês o termo “felicidade” com o tempo sofreu uma extensão semântica até significar “dinheiro”. Nossa felicidade resumia-se em coisas simples, éramos unidos e todas as actividades fazíamos juntos. Tivemos uma educação escolar do colono e alguns valores do cristianismo e embora não coadunassem com a nossa cultura fomos obrigados pela situação a assimila-los.

Minhas mães eram irmãs, sendo a minha mãe biológica a mais velha, tanto pela idade como pelo tempo no lar. A família dela deu ao meu pai a sua irmã mais nova como “hlampswa”, porém esta não procriou, devido a secura no seu ventre, entretanto, alguns destes mentirosos que chamamos de curandeiros a diziam que a secura no seu ventre tinha sido causada por um feitiço lançado pela minha mãe, sua própria irmã.

Minha mãe pequena, que o colono obrigava-me a chamar de tia, sofria tanto por ser estéril, desrespeitada pela sociedade por não poder procriar, recebia apelidos que estilhaçavam seus tímpanos, somente uma mulher tão forte para aguentar ser chamada de Ngonwua”. O sofrimento da minha tia abalava meu pai, pois era chicoteado verbalmente pela sociedade por ter apenas duas esposas no quintal e dois filhos, para além de ter lobolado uma mulher estéril, num universo em que o homem mais rico e poderoso era aquele que tivesse uma infinidade de Mulheres e uma ainda mais infindável de filhos.

Meu pai mal ia à cabana da estéril, pelo menos desde o nosso nascimento. Acho que ele tinha sido tomado pelos valores do cristianismo e talvez tivesse aceite a segunda mulher para manter o status na sociedade, embora fosse sem efeito.

Numa manhã eu e Madina íamos pelo campo à busca do milho, andávamos jogando conversa fora, sem intervenção do WhatsApp como vocês fazem hoje! De repente ouvimos gemidos, muito fortes pareciam gemidos fingidos de uma actriz pornô, nós éramos novos, pensamos que alguém estivesse a ser devorado pelas hienas comandadas pela feitiçaria que assolava aquelas bandas. Aproximamos e por detrás dos arbustos estava o nosso pai e a minha tia em situações profanas. Eu quis gritar mas o meu irmão fechou-me a boca, e levou-me para longe, embora ele estivesse mais traumatizado que eu.

Meu irmão não aguentou com o que tínhamos acabado de presenciar, ficou sem palavras por três dias. Eu sei, vocês devem estar ai a dizer: essa cota está crazy, eu vejo pornografia e nada acontece comigo. Mas como vocês dizem os tempos são outros, nós aprendemos os verdadeiros valores do cristianismo, e aprendemos que deve existir apenas uma mulher para um homem e que a nudez do teu pai é sagrada assim como o sexo.

Madina foi à igreja para se confessar, e o padre dentre muitas palavras em latim que falou, mencionou que meu irmão precisava de Deus. Madina ficou dias e noites tentando mensurar o que significava “precisar de Deus”, e só depois percebeu que o lugar mais próximo à Deus seria o seminário de padres, sem aperceber-se que a intenção do padre era chama-lo para o seminário como forma de aliviar o seu peso na consciência por tentar viver como um homem da vida carnal, há quem diga que ele já tinha sido visto com alcoviteiras por ai! Haaa! Esses padres, alguns são uma verdadeira humilhação para Deus.

Em uma noite de luar e com Corujas a rugir, Madina fugiu para a zona da missão onde encontrou o padre Agostinho, o qual levou-o à Lourenço Marques onde ingressou na formação de padres.

Quanto à mim, estava sozinha, meu irmão tinha partido e eu também estava traumatizada, senti que aquilo tinha desligado o meu lado amoroso pelo sexo oposto, mas a situação desmentiu-me com o aparecimento do Cristiano, um jovem que só vai conhece-lo bem quem ler o próximo capítulo.



Não perca o próximo capítulo!






Autor: Benozório Martins

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Fernando Absalão Chaúque

Professor, escritor, poeta e blogueiro. Licenciado em Ensino da Lingua Inglesa. Autor de ''Âncora no ventre do tempo'' (2019) e co-autor de ''Barca Oblonga'' (2022).

1 Comentários

  1. adorei estar aqui.
    visite-nos tambem em:
    https://farfalhodaspalavras.blogspot.com

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