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Leia o Primeiro Capitulo AQUI
Dizem que a infância é a fase mais doce da vida, porém eu
não vou falar muito da minha, pois eu não acho que tenha sido interessante tão quanto
depois dela, irónico para mim que sou a dona não ter sido, não imagino para
vocês que gastaram a vossa vivendo como puros adultos e tomados pela vaidade
que chamam de “modernidade”. Eu sei, vocês estão com vontade de olhar na minha
cara e dizer – vovó os tempos são outros.
O clímax da minha vida, começou na época em que vi jorrar
entre as minhas coxas pela primeira vez, nesta época tudo começou a ficar
intenso, isto sim, vocês vão achar interessante, talvez porque vai vos lembrar
as novelas europeizadas que vos consomem as personalidades como a o lume
consome a vela.
Nesta época, eu e meu unico irmão Madina éramos felizes de um jeito que vocês não
podem perceber, pois para alguns de vocês o termo “felicidade” com o tempo
sofreu uma extensão semântica até significar “dinheiro”. Nossa felicidade
resumia-se em coisas simples, éramos unidos e todas as actividades fazíamos
juntos. Tivemos uma educação escolar do colono e alguns valores do cristianismo
e embora não coadunassem com a nossa cultura fomos obrigados pela situação a
assimila-los.
Minhas mães eram irmãs, sendo a minha mãe biológica a
mais velha, tanto pela idade como pelo tempo no lar. A família dela deu ao meu
pai a sua irmã mais nova como “hlampswa”, porém esta não procriou, devido a
secura no seu ventre, entretanto, alguns destes mentirosos que chamamos de curandeiros
a diziam que a secura no seu ventre tinha sido causada por um feitiço lançado pela minha mãe, sua própria irmã.
Minha mãe pequena, que o colono obrigava-me a chamar de
tia, sofria tanto por ser estéril, desrespeitada pela sociedade por não poder
procriar, recebia apelidos que estilhaçavam seus tímpanos, somente uma mulher
tão forte para aguentar ser chamada de “Ngonwua”. O sofrimento da minha tia abalava meu
pai, pois era chicoteado verbalmente pela sociedade por ter apenas duas esposas
no quintal e dois filhos, para além de ter
lobolado uma mulher estéril, num universo em que o homem mais rico e
poderoso era aquele que tivesse uma infinidade de Mulheres e uma ainda mais
infindável de filhos.
Meu pai mal ia à cabana da estéril, pelo menos desde o
nosso nascimento. Acho que ele tinha sido tomado pelos valores do cristianismo
e talvez tivesse aceite a segunda
mulher para manter o status na sociedade, embora fosse sem efeito.
Numa manhã eu e Madina íamos pelo campo à busca do milho,
andávamos jogando conversa fora, sem intervenção do WhatsApp como vocês fazem
hoje! De repente ouvimos gemidos, muito fortes pareciam gemidos fingidos de uma
actriz pornô, nós éramos novos, pensamos que alguém estivesse a ser devorado
pelas hienas comandadas pela feitiçaria que assolava aquelas bandas. Aproximamos
e por detrás dos arbustos estava o nosso pai e a minha tia em situações
profanas. Eu quis gritar mas o meu irmão fechou-me a boca, e levou-me para longe,
embora ele estivesse mais traumatizado que eu.
Meu irmão não aguentou com o que tínhamos acabado de presenciar,
ficou sem palavras por três dias. Eu sei, vocês devem estar ai a dizer: essa
cota está crazy, eu vejo pornografia
e nada acontece comigo. Mas como vocês dizem os tempos são outros, nós
aprendemos os verdadeiros valores do cristianismo, e aprendemos que deve
existir apenas uma mulher para um homem e que a nudez do teu pai é sagrada
assim como o sexo.
Madina foi à igreja para se confessar, e o padre dentre
muitas palavras em latim que falou, mencionou que meu irmão precisava de Deus.
Madina ficou dias e noites tentando mensurar o que significava “precisar de
Deus”, e só depois percebeu que o lugar mais próximo à Deus seria o seminário
de padres, sem aperceber-se que a intenção do padre era chama-lo para o
seminário como forma de aliviar o seu peso na consciência por tentar viver como
um homem da vida carnal, há quem diga que ele já tinha sido visto com alcoviteiras
por ai! Haaa! Esses padres, alguns são uma verdadeira humilhação para Deus.
Em uma noite de luar e com Corujas a rugir, Madina fugiu
para a zona da missão onde encontrou o padre Agostinho, o qual levou-o à
Lourenço Marques onde ingressou na formação de padres.
Quanto à mim, estava sozinha, meu irmão tinha partido e
eu também estava traumatizada, senti que aquilo tinha desligado o meu lado
amoroso pelo sexo oposto, mas a situação desmentiu-me com
o aparecimento do Cristiano, um jovem que só vai conhece-lo bem quem ler o
próximo capítulo.
Não perca o próximo capítulo!
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Autor: Benozório Martins
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adorei estar aqui.
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