A Revolta da Guilhermina – Capítulo XII


A Revolta da Guilhermina – Capítulo XII
A Revolta da Guilhermina


 Leia o Decimo Primeiro capitulo AQUI


Mauro ficou congelado durante quinze segundos e só se descongelou com mais um grito da Guilhermina:

— Falaaaaaaaaaa! Quem essa coisa de nome Leloca que te manda fotos de tanguinhas e mostrando esses chinelos no peito? – Retorquiu Guilhermina quebrando o celular no chão.

O celular do Mauro ficou todo destruído e irreconhecível. Rapidamente este tentou juntar as peças do celular que estavam espalhadas pelo chão para reanimá-lo, porém, o celular não demonstrou sinais de sobrevivência.

— Guilhermina, precisavas reagir desta forma, simplesmente por conta dos teus ciumezinhos sem amplitudes e fundamentos sentimentais? – Mauro colocou em suas mãos as peças do celular e mostrou à Guilhermina dizendo: — Veja o que tu fizeste com o meu celular que comprei com tanto sacrifício?

— Querias que eu reagisse de que forma ao ver uma mensagem dessa? Querias que risse e dançasse para ti? Ou julgas que sou tão parvinha ao ponto de não entender o quer dizer " My Love" em português? - Interrogou Guilhermina enquanto andava pelos cantos da sala aguardado uma resposta convincente do Mauro.

— Já viu! Esses são os maiores defeitos das mulheres ciumentas deste país. Não respeitam as vírgulas e nem se dão ao luxo de compreenderem, que existem palavras e/ou frases subentendidas nas mensagens das outras mulheres. – Afirmou Mauro com uma voz intrigante.

Guilhermina aproximou-se do Mauro, olhou visceralmente nos seus olhos e retorquiu:

— Que vírgula foi desrespeitada? Que palavras subentendidas são essas que não foram entendidas? Alicerces, tu que entendes perfeitamente da gramática das mulheres ciumentas e prova-me que não és um sem vergonha.

— Explicar? Como vou explicar-te, uma vez que tu deixaste o meu celular sem vida? – Questionou Mauro.

— Expliques com sua boca, antes que eu quebre a tua cabeça também. - Guilhermina voltou ao sofá e sentou-se contestando: — Como pude me enganar assim? E minha mãe sempre dizia que homens são todos chulé do mesmo sapato e, odorosamente pensei que fosses um chulé que se cheire, mas parece-me que és o mais tóxico que os outros.

— Amor!!! Tu não leste bem e com calma. A mensagem estava escrita; "Oi, my love (está vindo) onde estás (vamos perder o carro)? Isso era para dizer que My love estava chegando na paragem e tu não respeitaste as vírgulas e as frases subentendidas. Ademais, seu Inglês está atrofiado, pois em Moçambique, "my love" também significa "carro com caixa aberta". – Fundamentou o Mauro.

— E as fotos seminuas que essa suja te mandou? Também têm saias e blusas subentendidas? – Perguntou Guilhermina.

Mauro ficou outra vez num silêncio assustador ao ouvir aquela questão titubeante e, segundos depois dramatizou:

— Não fala assim da minha melhor cliente de calcinhas e sutiãs. Ela mandou as fotos para mostrar que as calcinhas lhe serviram bem, pois ela estava em dúvida dos tamanhos quando comprou. Puxah! Tu partes o meu celular, chama-me nomes e insulta as minhas clientes. – Pegou as suas roupas e disse: — Não dá mais para ficar aqui ouvindo incriminações e injurias.

— Amor, espera! Não vá, por favor. Peço desculpas, pois não sabia que a Leloca comprava calcinhas contigo. Desculpa meu Amor! - Disse Guilhermina enquanto travava o Mauro de enfiar as calças no seu corpo.

Mauro segurou as mãos da Guilhermina e com uma voz clemente disse:

— A Bíblia sagrada diz: “O casamento deve ser honrado por todos; o leito conjugal, conservado puro; pois Deus julgará os imorais e os adúlteros”. (Hebreus 13:4). E tu achas que vou perverter bem antes do nosso casamento?

— Amor, não precisa evocar o santo nome de Deus por conta dos meus ciúmes sem fundamentos. Esquece isso e vamos ser felizes. – Declarou a Guilhermina dando um abraço forte ao Mauro.

— Está bem, mas não voltes a cometer o erro de não leres bem as mensagens e a desrespeitar as minhas clientes… Veja só, por causa dos teus ciúmes acabei ficando sem celular. - Expôs o Mauro num abraço caloroso.

— Não te preocupes!! Amanhã vamos comprar outro celular para ti. E quem sabe também não te ofereça um carro zero quilómetro comprado na África do Sul como um pedido de desculpas, meu amor.

— Ia adorar muito, mas não gosto de carros de luxo, mas já que é uma oferta amorosa, não dá para negar. – Comentou o Mauro com um sorriso enorme nos lábios.

— Vamos, meu amor. A cama nos espera para mais um duelo de troca de fluidos corporais. – Convidou a Guilhermina.

Mauro carregou a Guilhermina nos seus braços até ao quarto para mais uma sessão de terapia ocupacional.

"E cinco anos se passaram.”



Autor: Meque Raul Samboco



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Leia o conto A Confissão da Janete AQUI
Fernando Absalão Chaúque

Professor, escritor, poeta e blogueiro. Licenciado em Ensino da Lingua Inglesa. Autor de ''Âncora no ventre do tempo'' (2019) e co-autor de ''Barca Oblonga'' (2022).

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