A Revolta da Guilhermina |
Leia o Decimo Primeiro capitulo AQUI
Mauro ficou congelado durante quinze
segundos e só se descongelou com mais um grito da Guilhermina:
— Falaaaaaaaaaa! Quem essa coisa de nome
Leloca que te manda fotos de tanguinhas e mostrando esses chinelos no peito? –
Retorquiu Guilhermina quebrando o celular no chão.
O celular do Mauro ficou todo destruído
e irreconhecível. Rapidamente este tentou juntar as peças do celular que
estavam espalhadas pelo chão para reanimá-lo, porém, o celular não demonstrou
sinais de sobrevivência.
— Guilhermina, precisavas reagir desta
forma, simplesmente por conta dos teus ciumezinhos sem amplitudes e fundamentos
sentimentais? – Mauro colocou em suas mãos as peças do celular e mostrou à
Guilhermina dizendo: — Veja o que tu fizeste com o meu celular que comprei com
tanto sacrifício?
— Querias que eu reagisse de que forma
ao ver uma mensagem dessa? Querias que risse e dançasse para ti? Ou julgas que
sou tão parvinha ao ponto de não entender o quer dizer " My Love" em
português? - Interrogou Guilhermina enquanto andava pelos cantos da sala aguardado
uma resposta convincente do Mauro.
— Já viu! Esses são os maiores defeitos
das mulheres ciumentas deste país. Não respeitam as vírgulas e nem se dão ao
luxo de compreenderem, que existem palavras e/ou frases subentendidas nas
mensagens das outras mulheres. – Afirmou Mauro com uma voz intrigante.
Guilhermina aproximou-se do Mauro, olhou
visceralmente nos seus olhos e retorquiu:
— Que vírgula foi desrespeitada? Que
palavras subentendidas são essas que não foram entendidas? Alicerces, tu que
entendes perfeitamente da gramática das mulheres ciumentas e prova-me que não
és um sem vergonha.
— Explicar? Como vou explicar-te, uma
vez que tu deixaste o meu celular sem vida? – Questionou Mauro.
— Expliques com sua boca, antes que eu
quebre a tua cabeça também. - Guilhermina voltou ao sofá e sentou-se
contestando: — Como pude me enganar assim? E minha mãe sempre dizia que homens
são todos chulé do mesmo sapato e, odorosamente pensei que fosses um chulé que
se cheire, mas parece-me que és o mais tóxico que os outros.
— Amor!!! Tu não leste bem e com calma.
A mensagem estava escrita; "Oi, my love (está vindo) onde estás (vamos
perder o carro)? Isso era para dizer que My love estava chegando na paragem e
tu não respeitaste as vírgulas e as frases subentendidas. Ademais, seu Inglês
está atrofiado, pois em Moçambique, "my love" também significa
"carro com caixa aberta". – Fundamentou o Mauro.
— E as fotos seminuas que essa suja te
mandou? Também têm saias e blusas subentendidas? – Perguntou Guilhermina.
Mauro ficou outra vez num silêncio
assustador ao ouvir aquela questão titubeante e, segundos depois dramatizou:
— Não fala assim da minha melhor cliente
de calcinhas e sutiãs. Ela mandou as fotos para mostrar que as calcinhas lhe
serviram bem, pois ela estava em dúvida dos tamanhos quando comprou. Puxah! Tu
partes o meu celular, chama-me nomes e insulta as minhas clientes. – Pegou as
suas roupas e disse: — Não dá mais para ficar aqui ouvindo incriminações e
injurias.
— Amor, espera! Não vá, por favor. Peço
desculpas, pois não sabia que a Leloca comprava calcinhas contigo. Desculpa meu
Amor! - Disse Guilhermina enquanto travava o Mauro de enfiar as calças no seu
corpo.
Mauro segurou as mãos da Guilhermina e
com uma voz clemente disse:
— A Bíblia sagrada diz: “O casamento
deve ser honrado por todos; o leito conjugal, conservado puro; pois Deus
julgará os imorais e os adúlteros”. (Hebreus 13:4). E tu achas que vou
perverter bem antes do nosso casamento?
— Amor, não precisa evocar o santo nome
de Deus por conta dos meus ciúmes sem fundamentos. Esquece isso e vamos ser
felizes. – Declarou a Guilhermina dando um abraço forte ao Mauro.
— Está bem, mas não voltes a cometer o
erro de não leres bem as mensagens e a desrespeitar as minhas clientes… Veja
só, por causa dos teus ciúmes acabei ficando sem celular. - Expôs o Mauro num
abraço caloroso.
— Não te preocupes!! Amanhã vamos
comprar outro celular para ti. E quem sabe também não te ofereça um carro zero
quilómetro comprado na África do Sul como um pedido de desculpas, meu amor.
— Ia adorar muito, mas não gosto de
carros de luxo, mas já que é uma oferta amorosa, não dá para negar. – Comentou
o Mauro com um sorriso enorme nos lábios.
— Vamos, meu amor. A cama nos espera
para mais um duelo de troca de fluidos corporais. – Convidou a Guilhermina.
Mauro carregou a Guilhermina nos seus
braços até ao quarto para mais uma sessão de terapia ocupacional. ☄
"E cinco anos se passaram.”
Autor: Meque Raul Samboco
Leia outro texto deste autor AQUI