A Revolta da Guilhermina - Capítulo XI

A Revolta da Guilhermina - Capítulo XI

A Revolta da Guilhermina - Decimo Primeiro Capítulo

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Guilhermina apertou com seus dedinhos as bochechas do Mauro e repudiou:
— Deixa de ser orgulhoso homem, vai levar sim. Afinal de contas, tudo que é meu também é seu.

— Não tem nada haver com orgulho masculino! Apenas não quero que penses que estou contigo por conta do seu dinheiro. Tu sabes que há muitos homens em Moçambique que andam por aí com mulheres mais velhas, só para tirar-lhes o dinheiro. Eu sou honesto, não sou desses aí. – Afirmou Mauro com a cabeça inclinada ao chão.

— Amor! Tu já demonstraste com todas as letras do dicionário sentimental que me amas de forma acentuada e, que não serias capaz de se interessar por mim apenas por dinheiro. - Comentou a Guilhermina enquanto passava a mão na cabeça do Mauro.

Quando Mauro pretendia tocar os lábios da Guilhermina, seu celular toca e, imediatamente levantou-se para atender.

— Qual é o problema? – Atendeu Mauro com uma voz irritante.

— Não precisa me tratar assim bro! Só queria saber se já pensaste bem sobre aquele assunto da Guilhermina que falámos de tarde.

Com um tom de voz aguçado, Mauro retorquiu:

— Se pensei ou não pensei, isto não é da sua conta! Tu és um amigo lâmina. Quer me cortar com essas suas ideias estranhas e fazer com que eu tenha má-fama no bairro.

— Brother… Nada disso! Só queria saber se mudaste de parecer e decidiste casar com a kota. Já tenho aqui uma lista de coisas que podemos comprar assim que ficarmos bem posicionado com esse casamento.

— Já tem lista aos cambaus! Não quero saber de intimidades com esse tipo de amigos, aliás, nem sei se ainda somos amigos. É melhor desaparecer da minha casa e não voltes a ligar mais para mim.

Mauro desligou a chamada e arremessou o celular no sofá onde estava a Guilhermina.

— Calma meu bem! Explica-me o que está acontecendo. – Acalmou a Guilhermina.

— É um diabinho estúpido que vive aborrecendo-me com umas ideias venenosas. Não quero ser desonesto com às pessoas e ele insiste que eu seja.

— Amor, hoje é o nosso dia, o dia em que inicia uma nova história de amor que vai dar muita inveja às pessoas! Esquece esse assunto e, vamos comemorar o nosso primeiro dia de namoro. Mas, como é que tu brincas com marginais, amor? - Questionou a Guilhermina.

— Meu bem, só brinco com ele porque ainda dependo do estúdio de música do irmão para eu gravar as minhas músicas sem pagar. Se não fosse isso, nunca mais falaria com ele. - Respondeu Mauro.

— Não quero que andes nas intimidades com esse tipo de amigos. Temos dinheiro suficiente para abrir tantos e tantos estúdios de música. Olha, na próxima semana dar-te-ei um valor para abrires um estúdio de música e, assim evitas depender marginais. – Prometeu Guilhermina.

— Amor! Não precisava fazer isso, mas já que é uma insistência amorosa, não posso cometer o desrespeito de recusar um estúdio em meu nome, logo da minha futura esposa. Ademais, só estou aceitando porque não quero mais ser humilhado com aquele diabinho de Milagre!

— Isso merece uma comemoração. Amor, vá à cozinha levar uma garrafa de Moët & Chandon para celebrarmos o nosso namoro. - Disse Guilhermina.

Mauro gritou de tanta alegria e correu à cozinha para levar a garrafa de champagne. E,quando estava lá, respirou fundo e disse para si:

— Huff! Já me livrei desse diabinho de Milagre. Esse tem boca parece torneira de cerveja, basta abrir um pouco só, despeja tudo. Esse pode cantar para toda zona que fiquei com a Guilhermina por causa de dinheiro, por isso, tirei-o da minha trajectória. Amigos estão cheios por aí, posso fazer outros num piscar de olhos.

Quando Mauro se encontrava na cozinha, Guilhermina tomou o seu celular e direccionou os seus dedos e olhos directamente ao WhatsApp.

— Mauro!!! Vem cá, agora! – Gritou Guilhermina numa voz revoltante, após ler as mensagens do WhatsApp.

Mauro voltou correndo com as taças e a garrafa de Moët & Chandon para brindar.

— Que foi? Aconteceu alguma coisa, amor? – Questionou Mauro todo preocupado.

— Quem essa tal de Leloca que mandou uma mensagem dizendo! “Oi my love, onde estás? – Questionou Guilhermina com um rosto repleto de rugas que transpareciam representar um genocídio no interior das suas células sentimentais.

Mauro ficou congelado durante quinze segundos e só descongelou-se com mais um grito da Guilhermina:

— Falaaaaaaaaaa! Quem essa coisa de nome Leloca que te manda fotos de tanguinhas e mostrando esses chinelos no peito? – Retorquiu Guilhermina quebrando o celular no chão.



Leia um outro texto de Meque Raul Samboco AQUI
Fernando Absalão Chaúque

Professor, escritor, poeta e blogueiro. Licenciado em Ensino da Lingua Inglesa. Autor de ''Âncora no ventre do tempo'' (2019) e co-autor de ''Barca Oblonga'' (2022).

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