A morte da ilusão

 
    
A morte da ilusão
A morte da ilusão 

     Desatar o nó da paciência em momentos de forte turbulência moral e económica? Os eventos diários como; a normalização do inconveniente, a maior procura de mecânicos que intelectuais, me lembra as palavras de Charles Bukowski, “respirar é uma doença”.

    O espaço social e profissional transformou-se radicalmente e, por isso, os homens perderam a razão. Tudo vem rápido e flui como uma cobra desesperada.  Não consigo encontrar nenhum sentido da vida nesta época designada moderna porque de moderno tem apenas smartphone que converte a mente humana num receptáculo de impurezas.

   
Começo a (re)avaliar o livro de Zigmunt Baum, Modernidade Líquida e, verifico que o homem tende a voltar para produção-consumo, isto é, o imediatismo é o cancro que afectou todas faixas etárias.  Aos olhos de alguns, estarei a ser considerado um pessimista ou um louco à porta do suicídio. Mas os loucos são aqueles que pensam que o mundo está normal. O que há preservar nesta terra onde as pessoas se  divorciaram da integridade para abraçar o abstrato? 
   

   Não quero desnortear os meus leitores, mas Alduous Huxley já previa algo igual no seu livro intitulado, “O Admirável Mundo Novo”, o homem será fruto do avanço da medicina. Eu acrescento que  os animais são mais solidários que os homens.  Entrecruza-se a língua sem questionar o significado do prazer. Por isso, as relações não duram. No seu livro, Ciência e Política: Duas vocações, Max Weber sublinha a importância de apreciar o sentido da intuição. Nada dura porque expelimos pela boca e quando vem a realidade à ribalta fingimos acreditar no divino.

    Esta é a outra limitação da humanidade. Os que acreditam no paraíso temem a morte! Como se explica? O facto é que o mundo sempre foi um caos. A diferença reside nos ciclos históricos e exacerbação da hipocrisia humana. Não há  religião que possa salvar o homem a não ser o próprio homem.  Quero advertir a distopia para melhor compreensão do quotidiano.  No mínimo, deveria haver precisão na ilusão. Entendamos por fim que a democracia  que todos regimes políticos tem os seus vícios, e a democracia, conforme disse Charles Bukowski, consulta antes de uma imposição através de leis e outros dispositivos legais.

    Entre os homens não existe nada que seja infinito, outrossim, inventou-se a eternidade para abrigar os que resistem em aceitar o óbvio. Realidade.  Prefiro terminar com uma história sugerida por Jean-Paul Sartre no livro Existencialismo e Humanismo. Se a sua mãe  estivesse doente e ao mesmo tempo você  devia ir a guerra para lutar pelo seu país. Qual seria a sua escolha? ...A moral (as vezes) não elimina o mal, mas está para mostrar ao homem que o mundo é estrume.


 
 Este título foi retirado de um texto poético de Lino Guirrungo. Leia-o AQUI

Jorge Azevedo Zamba- Historiador, Escritor e Jornalista-estagiário.

Fernando Absalão Chaúque

Professor, escritor, poeta e blogueiro. Licenciado em Ensino da Lingua Inglesa. Autor de ''Âncora no ventre do tempo'' (2019) e co-autor de ''Barca Oblonga'' (2022).

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