A Revolta da Guilhermina - Último Capítulo

 A Revolta da Guilhermina - Último Capítulo

 A Revolta da Guilhermina - Último Capítulo
A Revolta da Guilhermina

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Depois de infindáveis rodeios para criar uma cena que não se desconfiasse de nada, finalmente Mauro abriu a porta para Guilhermina.

— Em que lugar está sepultada esta vadia de me*da? Quero desenterrar e fazê-la cuspir a cada grão de arroz que comeu às custas do meu suor. – Perguntou Guilhermina empurrando o Mauro da porta. —Traga-me essa "p*ta" avulsa armada em empregada doméstica. - Procurava sua rival em todos ângulos da casa.

Ao colocar seus pés na cozinha, seus olhos finalmente encontraram a Leloca, cantando e lavando louças e, fingia friamente que não ouvia os berros da sua patroa. Guilhermina acelerou, agarrou os cabelos da coitada e atirou-lhe pelo chão dizendo:

— Sua estúpida, prostituta doméstica ! Fizeste-me de parva todo esse tempo, mas, hoje saberás de verdade que nem toda parva é otaria.

— Patroa, espera um pouco, assim vai estragar meus cabelos e, não sei nada do que a senhora está falando. Ademais, nunca lhe fiz de parva. – Apregoou Leloca com os olhos enchidos de lágrimas de crocodilo.

— Ok! Ok! Vai me explicar isso fora da minha casa. Aposto que esse cabelo é meu e aqui não fica nem sombra de uma vadia armada em empregada doméstica. Julgas que não sei que andavas com meu homem?

— Seu marido foi apenas um bom vendedor de calcinhas há algum tempo e mais tarde meu patrão, nunca andei com Patrão, Senhora. - Explicou Leloca.

Guilhermina segurou novamente com muita força a Leloca pelos cabelos e arrastou-a sem piedade para fora da casa.
Mauro correu para segurar a Guilhermina e impedi-la de magoar a Leloca, mas foi recebido com uma bofetada quente e ficou no estado de repouso no chão da sala e passando as mãos na sua bochecha.

— Tire suas mãos sujas de mim, antes que eu faça picadinhos da sua pessoa em dois segundos. Seu falso, deixa-me tirar essa suja debaixo do meu teto e vai se preparando. SUJO! - Disse Guilhermina apontando o dedo ao Mauro.

Leloca gritava desesperadamente por um socorro ao ser arrastada pela fúria da imparável Guilhermina. O segurança da casa tentou socorrer, mas percebeu que o assunto não era do seu gabarito e, pôs-se em fuga.

Após escorraçar a sua rival à sangue frio, Guilhermina foi à casota onde a Leloca morava com seus filhos. Retirou todas suas coisas, deixando apenas as das crianças, destruiu e jogou-as na lixeira.

Enquanto isso, Mauro assistia tudo pela janela junto das crianças que acordaram com os gritos que explodiam por toda casa.

Guilhermina voltou à sala e encontrou seu marido abraçando desesperadamente as crianças que carregavam lágrimas e susto.

— O senhor ainda não se arrumou, porquê?

Mauro levantou-se de forma serena da cadeira e tentou abraçar a Guilhermina dizendo:

— Para onde vamos, minha princesa? O que fez com a coitada da nossa emprega? Está agindo assim por qual razão? Está muito nervosa, Amor.

— Vamos à porcaria da p*ta da sua mãe. Essas perguntas sínicas farás à tua mulher, a Leloca que está lá fora esperando por ti. - Guilhermina ordenou. — Arruma rapidamente as tuas três cuecas que compraste com teu dinheiro e suma da minha casa.

— Amor? Que isso, agora? Que está acontecendo com você? - Questinou Mauro fazendo-se de maior inocente das suas DÍVIDAS OCULTAS.

Guilhermina aproximou-se do Mauro e disse:
— CORRUPTO do amor! Como podes enganar alguém com seus BARCOS ENSARDINHADOS de mentiras e traições? Que crueldade mais cruel para com sua esposa que te deu um VOTO de confiança? Quanta maldade arquitetar um NEGÓCIO dentro da minha própria PÁTRIA de forma OCULTA e deixar-me numa CRISE? - Lamentou Guilhermina com lágrimas aterrando nos seus olhos.

— Jamais faria isso, amor! Olha, não grita comigo antes fazer uma AUDITORIA sentimental e não fala besteiras em frente das crianças. Deixa-me explicar o que aconteceu e, você deve acreditar somente no seu PARCEIRO.
Senta-se aqui e não destrua um casamento de muito amor. – Disse Mauro enquanto aproximava-se da Guilhermina e, recebeu mais uma bofetada.

— Amor uma ova! Não quero mais ouvir sequer uma palavra da sua boca e, estas crianças devem saber que cobra de pai elas têm e igualmente saber que tu destruíste a minha vida, nosso lar, a vontade de viver e o futuro deles. Agora, rua da minha casa. - Disse Guilhermina.

— Paixão, não faça isso comigo e com as crianças. Que educação você está dando à elas falando essas mentiras sobre mim? Sabe que podem crescer com traumas, odiando e com uma imagem distorcida do seu pai? Está sendo muito injusta com um homem fiel. Eu te amo e você sabe muito bem disso.

— Já te ordenei para sair da minha casa ou queres sair daqui molhado com água quente no seu corpo? - Questionou Guilhermina empurrando o Mauro para fora de casa. Enquanto isso, as crianças assistiam a cena com os olhos acesos de lágrimas.

— Larga-me, mulher vencida. Não precisa humilhar-me em frente dos nossos filhos. Você não é mulher para fazer isso comigo, pois além de ser uma mulher caducada, você que me procurou para casar e, aceitei-te por pena e falta de opção. Conheço muito bem a porta desta casa, só quero levar as chaves do meu Ranger.

— Finalmente a sua máscara caiu! - Guilhermina olhou para seus filhos e disse: — Viram como o vosso pai foi cruel com a mamãe? Perceberam como foram enganados por um homem que julgavam ser um pai de verdade, mas que não tem nada no coração? - Guilhermina olhou novamente para o Mauro e disse: — Não vais levar nada desta casa além das suas três cuecas e este carro, apenas dei-te como presente e não vai ao lugar nenhum. O presente é meu, dou e retiro quando quiser.

— Não preciso nada que vem de uma antiquada que não serve nem para a minha satisfação sexual. - Mauro olhou para seus filhos: — Eu já não suportava mais os abraços desamassados e que só me criavam alergias e beijos sem sabores da vossa. - Olhou para Guilhermina e acrescentou: — Quer saber? Sou muito apaixonado pela Leloca, sim e você é uma sucata que apenas sustentava aos nossos caprichos. - Ressaltou Mauro.

O semblante da Guilhermina ficou pequeno para colher a quantidade de lágrimas que espraiavam no seu rosto em cada palavra cuspida da boca do Mauro. Esta atirou-lhe mais uma bofetada e arrastou-o até fora da casa junto da Leloca. Enquanto isso, as crianças tentavam evitar que o pai fosse arrastado da casa, mas sem sucesso.

— Nunca mais ponham os pés em minha casa. Estúpidos! - Disse Guilhermina enquanto fechava a porta e entrou com as crianças.- Afirmou Guilhermina.

De mãos vazias e sem pelos menos uma agulha, Mauro e Leloca deixaram a casa da Guilhermina e seus filhos e regressaram à Moçambique.

*SEIS MESES DEPOIS*

Guilhermina encontrava-se na sala da sua casa, num pleno sábado, cheio de sol conversando com seus filhos e seu actual marido. Seu celular toca e esta corre para atender:

— Aló! Quem fala?
— Fala com Mauro, seu ex-marido, seu tudo, aquele que você sempre amou. Já não te lembra da minha voz, minha Gui?

— Ham! Mauro… Mas onde, como e com quem conseguiu meu contacto?

— Não desliga! Por favor, ouve-me, ainda que seja por um minuto. Não importa como consegui seu contacto, pois quem ama sempre consegue as coisas. Tenho algo muito importante para te dizer, amor da minha vida:

— Fala, tens trinta segundos.

— Meu amor, sinto tantas saudades de ti, dos nossos filhos e da nossa vidinha. Saiba que não vivo sem teu toque, seus abraços e beijos e nunca parei de pensar em nossa família. Enganei-me com a Leloca e quero voltar para ti, meu amor.

— Mauro, por favor, não volte mais a ligar para mim! Sou casada com outro homem a quem amo muito. Seja feliz com a jovem que você escolheu para ti. Lembra que uma velha não dá para ti? – Lembrou Guilhermina ao Mauro.

— Que marido? Passam só seis meses e não acredito que tenha conhecido tão rápido um outro homem e casar com ele. Quem é essa pessoa? Será que conheço?

— Conhece sim. Chama-se Milagre, conheci no mercado de Xipamanine e é com ele que vou passar o resto da minha vida. Não me procures, ainda que seja por engano.

— Quem? Milagre? Milagre aquele meu amigo? ALÔ? Gui?

A chamada caiu...

Mauro quase desmaiou com o celular nas mãos, ao perceber que a sua Guilhermina já estava casada e feliz com alguém que foi seu melhor amigo e cuidando seus próprios filhos, o Milagre.

Abandonado pela Leloca por não ter mais condições de sobrevivência. Hoje, Mauro vive por aí, andando, orando, pregando as sagradas escrituras, ensinando as pessoas o amor de Jesus Cristo e levando aos corações a importância da família e da fidelidade.


FIM!!!
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" As Aparências Enganam"


Original de Meque Raul Samboco
Fernando Absalão Chaúque

Professor, escritor, poeta e blogueiro. Licenciado em Ensino da Lingua Inglesa. Autor de ''Âncora no ventre do tempo'' (2019) e co-autor de ''Barca Oblonga'' (2022).

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