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Isto é apenas uma estória
fictícia qualquer semelhança de nome ou sequência de acontecimentos é mera
coincidência!
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Olá, meu nome é Maria, nome da virgem Santíssima, uma autêntica ironia,
pois de santa só tenho os meus defuntos, e até eles, só são santos apenas
porque estão mortos, sabem como é, até os terríveis vilões ficam santos quando
a morte bate em suas portas.
Eu tive uma vida frenética, agora encontro-me nas colinas de Magudzo, aliás
quase toda minha vida passei aqui, tendo apenas me deslocado em casos dos quais
não me orgulho tanto.
Nasci na linha tangente do colonialismo, em um campo verde e cheio de gado
desta areia dos Matchanganas conhecidos pelo seu orgulho sem motivo, agora
estou um pouco gasta, aliás, sou uma verdadeira biblioteca ambulante, só para
não dizer velha. Passam 60 anos desde que a minha mãe sentiu uma dor que eu
senti três vezes mais. Eu sei, podem não ter percebido, é normal, vocês ainda
são novos, e eu também, apenas percebo porque fui testemunha ocular da minha
própria história.
Nesses poucos e suficientes 60 anos, já vi de tudo. Já vi mulher parir três
chávenas por ser a favorita do seu marido polígamo, políticos engordando à
custa do povo, uma boa conversa substituída por tecnologias, pais acusados de
feitiçaria pelos filhos, gente oprimindo e ficando rica à custa dos outros em
nome de Deus, filha acusando o pai de estupro e crianças incriminando padres
pela mesma prática. Vi o corpo da mulher perdendo prestígio, tanto que é
partilhado ocultamente por toda sociedade, vi jovens de uma vila difamando-se e
chamando-se de nomes horrorosos como ‘’puta eléctrica’’, povo pagando atum para
comer verduras não catalogadas, vi homem ser chamado de gigolô por se difamar
publicamente, vi a Sameblood fazer uma música com título “Maria”, o que
lembrou-me a minha juventude, vi mulheres aguentando poligamia por medo de ver
seus filhos morrendo de fome.
Vi a minha cultura e muitas outras morrerem por falta de seus próprios
filhos adeptos, só porque estes só valorizam as práticas da mesma, quando
o indivíduo branco pratica-as.
Meus filhos, quantas moças fizeram dreads desde que a mana Rihanna tentou
fezer em seu cabelo escorregadio?
Tecnologias, vi o seu surgimento e a evolução destes dispositivos viciantes,
que custam fortunas, às vezes a dignidade das nossas irmãs ou mesmo órgãos
humanos. Pura vaidade!! Vi meninas de pouca idade envolvendo-se com seus avôs
por conta desses dispositivos. Vi uma droga chamada internet consumir a camada
mais forte da sociedade, injectando em forma de pornografia a ninfomania, bom
ouvi dizer que não existe um lugar melhor para comprar um pénis negro de 30
centímetros ou um outro órgão humano.
Vi jovens filhos de Magudzo e alguns altos Changanos venderem seus estômagos,
peles e sobretudo dignidade em troca de tiros no Krugger Parque por verem
chifres transformarem-se em carros luxuosos, casas dos sonhos e às vezes
desassossego e noites sem sono.
Vi profecias bíblicas realizando-se sem ao menos serem percebidas, bom se
há um Deus lá em cima, eu não sei, apenas sei que cada um é livre de acreditar
no que quiser sem receber nenhuma crítica, e esse Deus for Justo apenas espero
que seja justo com os injustiçados, pois seria injustiça realizar sua justiça
em uma Maria 38, como eu.
Porém, tudo isso e muito mais são apenas contos de fada quando comparado
com a minha história que partilharei convosco à partir do próximo capítulo.
Não perca o próximo capítulo!
Comente e compartilhe!
Autor: Benozório Martins
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(Fonte: lareiradoben.blogspot.com)
*Texto
publicado com a autorização da administração do site.
Leia AQUI o relato sobre as
Alucinações e Revelações de Jazo Derulo em Chayenne.
Um início muito bonito. Aguardamos pelos capítulos seguintes. Força Martins
ResponderEliminarObrigado Ponderani
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