A LITERATURA ACTUAL EM MOÇAMBIQUE II por Adilson Sozinho

A LITERATURA ACTUAL EM MOÇAMBIQUE II por Adilson Sozinho
Mar By @agualusa

Leia a primeira parte deste artigo AQUI


"...como português, vejo a poesia de combate como algo histórico do que poético... " Pedro Mexia
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Com isto, pesa-me a ideia de que a poesia de cambate espelha(va) a nossa sociedade e retrata(va) vivências, isto é, o poeta era o silício transformado onde os seus poemas traziam em si o reflexo da sociedade. Hoje em dia, não obstante, preservarmos ainda o reflexo da nossa sociedade em nossos textos ou livros, mas há tendências visíveis na nossa literatura, ver-se nela o reflexo mais globalizado, isto talvez pelo intercâmbio entre o mundo literário. Nota-se uma grande vontade de "sermos mais do que somos e de se escrever mais do que vivemos ", mas há também os que se mantém fiel ao nosso estilo de vida, trazer aquilo que é de raiz para o mundo fora. Contudo, quero dizer que a literatura cá rompe-se com o tempo (tem os seus momentos), tivemos uma fase onde "reinava" a poesia e prosa, mais tarde os contos e os romances começaram a ganhar mais espaço e trouxeram um lado mais romântico do que opressivo, hoje podíamos dizer que está uma "txatinha", tudo vale.
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Alguns dos nossos novos escritores estão virados a uma escrita mais filosófica carregadas de retóricas (dúvidas que só a morte responde), vai-se muito além da realidade física para a surreal, talvez pela falta de respostas cria-se um mundo imaginário e lá desenvolve-se vivências não vividas ou que gostaríamos de viver. Desta forma é que sentimos a poesia, a poesia desperta anseios e os anseios despertam sentimentos e é com os sentimentos que retornamos a poesia e é esta a nossa função segundo Sangari Okapi, temos que " sentir a poesia" a poesia é para ser sentida e a imaginação do poeta não é o limite para tal. 

Tenho que concordar com o Amosse Mocavél quando diz que: " Poesia não é para qualquer um, poesia é séria. " Para um literata é bom que veja a poesia com seriedade, contemplar a vida, as emoções como uma alma no meio de seres humanos, e se for para este dar poesia, que sinta menos e doe mais poesia e se for para receber que sinta mais do que quem o dá.

Muitos acabam abandonando a literatura? Sim, alguns abandonam, a literatura é um exercício constante, mais duro talvez para quem escreve e o imortaliza. 

Diz-nos Lupito Fejó: "...Muitos abandonam a poesia por ser difícil, tão difícil escrever algo que talvez o poeta não sentiu..." e é daí que nem os críticos podem mais intervir, no sentido de auxiliar ou ensinar o poeta a fazer ou escrever poesia, poesia não se ensina, sentimento não se aprende, é algo espontâneo e imprevisível. O que me faz trazer aqui a frase de um cidadão brasileiro cujo nome já não me recordo, mas diz o seguinte: " Crítico é aquele que quer ensinar o cão a ladrar. " e os tais críticos tem o tal de falar sobre poesia e nunca mais dizer poesia, será que a busca pela perfeição não lhes faz cair sempre em imperfeições, a poesia é algo simples e humilde, talvez a própria poesia se perca diante de um crítico.
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Todavia, há ainda mais temas a serem levantados nesse artigo, a literatura é vasta, é a mãe das artes cujo objectivo é trazer a poesia, conhecimento e desenvolvimento a todos níveis numa sociedade.
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Adilson Sozinho


Leia A Prostituicao na Cidade de Maputa AQUI
Fernando Absalão Chaúque

Professor, escritor, poeta e blogueiro. Licenciado em Ensino da Lingua Inglesa. Autor de ''Âncora no ventre do tempo'' (2019) e co-autor de ''Barca Oblonga'' (2022).

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