A Revolta da Guilhermina - Antepenúltimo capítulo

A Revolta da Guilhermina - Antepenúltimo capítulo
A Revolta da Guilhermina
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Ao perceber que o chão daquela senhora estava prestes a desabar, ao ouvir aquelas informações drásticas, Milagre viu-se na certeza, de que chegara a hora certa de se vingar do seu amigo.

— Olha, minha querida. Não preciso de nenhum centavo seu! Vou contar-te toda verdade com maior prazer, amor, lágrimas, excitação e raiva que sinto daquele traidor. Senta-te aqui, se tiver um caderno e uma caneta para apontar tudo, será bem melhor. – Disse Milagre enquanto sentava-se para abrir a sua caixinha de segredos.

Antes de sentar-se para ouvir as artimanhas do seu marido, Guilhermina enviou uma mensagem para a sua amiga, informando-a que ia demorar alguns minutos.

Foram mais de trinta minutos de conversa, lágrimas escorrendo nos olhos da Guilhermina, verdades apimentadas e bem temperadas, mentiras acrescentadas e bem formuladas, suor brincando no corpo da Guilhermina e a respiração da Guilhermina dançando de forma desregulada ao fazer cruzamentos das informações na dor das lembranças que vinham de todos cantos da sua memória.

— Sem vergonha, afinal namorava a Leloca que estava grávida dele? Como fui tão burra ao levar a Leloca para trabalhar na minha casa como empregada doméstica sem desconfiar de nada? Esse homem vai ter o que merece. - Revoltou-se a Guilhermina.

Para piorar a situação e deixar a Guilhermina mais revoltada com o seu marido e, ver a sua vingança concretizada, Milagre acrescenta:

— Sim, o safado pouco falava dessa Leloca nas nossas conversas, mas eu sabia que ela estava grávida de dois meses e namoravam nas escondidos. Se ele levou a Lelola para trabalhar na tua casa com esse filho, com certeza esse filho é dele e ainda namoram debaixo do seu tecto e do seu nariz. Assim sendo, a senhora é esposa dele, madrasta do filho, amante da na sua própria casa, patroa da sua rival, esposa de um marido falso e dona de um par de chifres maior que a Torre Eiffel.

Guilhermina levantou-se rapidamente daquele lugar, limpou as suas lágrimas e disse:

— A festa acabou para eles. Amanhã esse filho da pulga vai saber o que é bom para gripe, pois amanhã cedo irei para casa e acabar com eles.

— Guilhermina, você é uma mulher rica, o porquê de esperar até amanhã para viajar? Você pode muito bem ir até ao Aeroporto e compra uma passagem aérea urgente e acaba com a festa ainda hoje. Acredito que a essa hora devem estar numa festa na sua própria cama. - Sugeriu Milagre.

Guilhermina pegou na sua carteira, tirou um cartão de visita e entregou ao Milagre dizendo:

— Milagre, este é meu contacto e junto dele, tem o endereço da minha casa. Mande uma mensagem com seu número e contar-te-ei o desfecho dessa pouca vergonha. Fique bem e que Deus abençoe você, meu anjo.

Guilhermina correu de imediato para o seu carro e pôs-se a conduzir em direcção ao Aeroporto internacional de Maputo.

— Irmã, mudanças de plano. Já não poderei jantar em sua casa hoje, pois tenho de viajar agorinha para a minha casa na África do sul. Preciso tirar à limpo uma história patética. -
Disse a Guilhermina enquanto dirigia seu carro.

Curiosa e preocupada com estado de ânsia da sua amiga, Verónica questiona:

— Que aconteceu, amiga? Alguma coisa com seu maridão?

— Marido uma bosta. Afinal está me traindo há cinco anos com a Leloca, a minha empregada. Aquela que dei de comer todo esse tempo, dei dinheiro para ela entrar na universidade na África do Sul, dinheiro para seus filhos irem à escola e para vestir, uma casa para ela viver em meu quintal, afinal de contas, está consumindo o meu marido.

— Sério? Mauro não tem cara de fazer isso. Aquele é um amor em pessoa e tem cara de gente santa.

— " As aparências enganam", amiga, mas vou tirar à limpo isso e, alguém vai morrer hoje.

Guilhermina deixou seu carro com a Verónica e, pediu para que seu motorista viesse buscar para sua casa e partiu para África do sul.

Quando chegou em sua casa, por volta das 22h e algumas sobras.

Encontrou um novo segurança na porta da sua casa e esta assustada e curiosa pergunta:

— Boa noite, quem és tu na porta da minha casa a esta hora? Pode afastar-se, pois quero entrar na minha casa para falar com meu marido?

O segurança estranhando aquela senhora que era tão desconhecida para os seus olhos, logo nas suas primeiras horas de trabalho, responde:

— Desculpa minha senhora, não a conheço e a dona desta casa está dormindo e ninguém está autorizado à entrar nesta casa. Se quiser entrar vai ter que tocar a campainha para os donos da casa autorizarem a sua entrada, caso contrário, espere até ao amanhecer.

— O quê? O senhor está me dizer para eu tocar a campainha da minha própria casa? Por favor, afaste-se da porta e deixa-me entrar. - Disse Guilhermina enquanto tentava passar pelo segurança.




Autor: Meque Raul Samboco


Fernando Absalão Chaúque

Professor, escritor, poeta e blogueiro. Licenciado em Ensino da Lingua Inglesa. Autor de ''Âncora no ventre do tempo'' (2019) e co-autor de ''Barca Oblonga'' (2022).

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