O Poder da Sofia - V

O Poder da Sofia - V

O ser humano colocou-se a si barreiras que o impedem da sua própria  autenticidade.

Faziam consideráveis semanas que eu saía com a Sofia. Chamava-a pelo seu nome em todos os lugares que visitávamos. A mim não me chamava porque não conhecia, ainda, o  nome. A aventura pelo desconhecido fez-nos odiar as formalidades pré-concebidas, as fronteiras imaginárias, físicas e territoriais. E se o mundo não tivesse fronteiras? E se o tocar não fosse regido por perguntas desnessárias, mas com base na reciprocidade? O ser humano explora as outras formas de comunicar? Perguntámo-nos depois de eu ter dito, finalmente, o meu nome. Para Sofia foi um acto revolucionário não ter revelado o meu nome a priori. Segundo ela, o nome é-nos dado quando nascemos. Ser autêntico é uma escolha.



O trabalho da Sofia já não tinha adesão a nível da cidade. Insistir em terapias ou assistência psicológica com passeios pelas ruas e avenidas  tornara-o menos atractivo e lucrativo. Talvez devêssemos emigrar para outros territórios onde a paixão pela psicologia e turismo fosse útil. Decidimos ver a um filme - The Age of Adaline. A Sofia pensa que o filme foi um jeito terapêutico de descrever a imortalidade. A morte é também uma benção. É a garantia de perpetuar o medo e a emoção, a valorização da vida e da natureza. Admirei acenando com a cabeça as opiniões sobre representação da imortalidade. 



As últimas semanas puliram a poeira sobre os conceitos e o que parece ser a vida. Alguém bateu na minha porta, era a minha namorada, Anifa. Desde  o primeiro encontro com a Sofia, ia inventado tsunames e guerras para não pisar no seu território. A Anifa era a minha colega de trabalho numa redacção que ambos odeiamos. O trabalho facilitava os encontros, ainda que não espontâneos. Mas percebemos que ter alguém a quem beijar num trabalho de merda é o melhor método de manter o emprego. Bateu na minha porta porque, primeiro, tinha uma matéria por publicar e precisava do meu parecer. Em segundo, vinha reclamar da minha  ausência nas últimas semanas.




Copulei com a  Anifa como eu fosse um vilão que pede endereço de outra  vítima por assassinar com o pênis adentro. Foi um estupro consentido. Passados uns consideráveis minutos, ela suplicou repouso e eu fui me lavar. Fiz-me vilão porque estava a expulsá-la da minha casa e da minha vida. Mas para Anifa foi a melhor foda do século, é como se tivesse perdido a virgindade com estupro. À volta de casa de banho pediu que eu a estuprasse novamente. Recusei e prometi ler o rascunho da sua  matéria.


Por Jorge Azevedo Zamba

1 Comentários

  1. Bom dia, como representante em funções de um importante site na nossa língua mãe,(lusopoemas.net) bastante difundido no Brasil e em Portugal, peço que nos divulguem na comunidade de escritores Moçambicanos com vista a nos tornarmos ainda mais globais como o nosso idioma merece, temos uma grande dificuldade em penetrar nos países lusófonos deste tão grande continente, por isso peço a vossa ajuda, muito obrigado

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