Ciclo de diadema trivial

 

Ciclo de diadema trivial
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Então, quem irá acolher este ciclo de diadema trivial? 

Lemo-nos ritualmente como cristais carbónicos abertos às páginas entre olhos fechados. Um raciocínio. Uma percepção. Que nos dão alguns? Nada. Talvez isso seja bom. Dizem: abram os olhos. A poesia é uma tortura com uma lança no fígado e o peito pronto a encolher a dor. Esse nada que fingimos seguir por dentro do pesar a todo tempo.

Não sabemos de onde vêm as prosas ou poemas que não ficam malfadados nas páginas. Que andam de testa a testa, com gente estranha de fascínio ou não, de tempo sobre tempo com gente diferente. Talvez porque, Eles galopam sempre, desejam encontrar a redenção e entregam-se ao caminho... Mas como pô-los a galopar constantemente? 

Não gosto de poemas que ficam nas páginas, aliás escritos para páginas somente!


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O poema deve farejar o seu próprio tempo e deixar-se arder. Fragmentar eu nele em exércitos acasos e sobreviver. Casual d’um recesso recomeço. Desdobrar o interior do eu tal como um cone quebrado acidentalmente, reposto à forma pelos olhos. Ou um sino entre as notas. Ser a culpa de tudo ou de caminhar à solta com as feridas nas mãos, mover-se para repousá-las em lugares mais doloridos dos retalhos do mesmo cone. Repor os timbres não como se os ouvidos negassem a existência do ritmo mas para coexistir no mesmo. Afastar-se para gritar ou para parar de outro lado da loucura que é mais perto de quem se afasta com os olhos nos pés ou com cabeça no chão ou qualquer coisa diferente disso. Mas não encontrar o sítio para parar. Ser infinitamente pequeno que a solidão.


Porque não há transfiguração do poema, da prosa em gente nos tempos-espaços com a trivialidade e com o imediato da palavra nas mãos. Porque doí ser esquecido com entulho de papéis no crânio. Deve galopar infinitamente entre gerações.


É preciso ter o medo e a dor de não acordar no poema e na prosa. Porque sabem, há os que fingem acordados em instante às estantes entre livros que nos ocupam os lugares dos que percorrem tempos em tempos em letras e do silêncio que basta, menos o nada, o labor está lá.


Mas sabem ainda, o mundo se levanta contra o mundo, por mim, correria igual a um delfim mover-me rapidamente, entre as armaduras do mar, esquivar os golpes das ondas de lugar a lugar, mergulhar-se até ao coração das chamas – correr bastante para me esconder das laudas. Sair de vez em quando, pois isso basta também.  

Carregar os monumentos do seu ardor não é fácil, talvez o seja ao imediatista. 


Se quisermos esse peso com venerabilidade, que seja gota a gota no ombro, o cérebro pronto para sofrer. Filtrá-lo tal como uma veia intravenosa; queimar os empecilhos nos convénios editoriais. O editor que esteja pronto para incendiar seu próprio estômago passivamente sem poder fazer nada contra nada; ainda que morra a fome – Apenas viver ou morrer em cada texto com dignidade.

Isso É acordar. Esta maneira de acordar dever-se-ia ser um jeito remoto de sonhar a coragem para publicar ou não. Querem ser vistos e a gente vê. 

Deve se ir sem alinhamento com vistas cerradas porque se é ciente de quanto tudo é esplendor, é perigoso, é vida, é nada ou não ser o grito de tudo isso. Mas uma dor que a deixamos adormecer, ou levantar-se com ardor combativo. Mas é necessário aguentar. Suportar. Esperar que o ciclo se feche e para sair como um ladrão da raridade e atemporalidade em laudas.


Jeremias F., JEREMIAS

Novembro, 2022




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