Alberto Chipande - fonte |
Os livros de História confirmam que o Estado moçambicano foi erguido com bases tribalistas. Não é equívoco. Os discursos de Alberto Chipande que acusam a "sulizacão" do poder, ainda estão em pauta nas televisões e jornais. Porém, preocupa-nos as análises feitas para entender o porquê de Moçambique, estar ainda, refém de tribalismo nos cargos políticos de relevo. Muitos analistas usaram o negacionismo como base nos seus argumentos. Não se focaram no problema crasso e histórico, levantado por Alberto Chipande. Trata-se de analistas com informações a seu dispor, outrossim, com pouca disposição/capacidade analítica para usá-las. Assumamos, em parte, que um analista com conhecimento e não analisa de facto, está a reafirmar (in) conscientemente as afirmações de Alberto Chipande.
Podemos, em jeito de provocação, fazer algumas perguntas: 1. O que motiva o tribalismo nas pratileiras do poder? 2. Porquê até hoje persiste esse debate? 3. Quem debate o tribalismo?- Para responder a estas perguntas, é necessário a conjugação de vários conhecimentos. Ou seja, é preciso questionar o "homem político"! Ignora-se, como sempre, a causa que no contexto político, resume-se na manuntenção de poder e proteger os interesses (principalmente) pessoais usando um grupo étnico. É do instinto humano relacionar-se, político, afectivo ou socialmente, com quem se tem proximidade cultural. Cabe ao mesmo homem, combater-se a si.
Não interessam os moldes como foi proferido o discurso do Chipande. O facto é que o tribalismo se deve também à extrema pobreza na região norte e centro do país. Não se trata dum discurso revolucionário. Os analistas têm a informação. E, Moçambique (in) dependente fez pouco ou nada fez para amainar as diferenças. Este deve ser o centro do debate. Não se pode exigir meritocracia, quando não se tem as mesmas oportunidades académicas, profissionais, etc.
Portanto, discutir política em Moçambique e as suas raízes étnicas, extravasa os limites do pensamento político ou histórico.
Jorge Zamba