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Numa terra em que a vida parece ter desvanecido da orla ocular, e carregado junto as doces memórias de um povo entristecido pelos dissabores dos homens com ganância em demasia, Mia traz um enredo que carrega em si uma vivacidade colorida contrastando o cenário em que a trama se desenrola. Terra Sonâmbula, forja-se em meio a uma guerra que desistabilizara o colorido horizente de um povo preso nos sonhos de outrora e vagando na beleza de um futuro desconhecido, porém cheio de alegrias por desembrulhar. Entre conversas do jovito Muidinga e o velho Tuahir, o enredo estende-se num encanto de embalar os olhos e pintar memórias que se extensionam nos cadernos de Kindzu, um personagem que ganha vida na voz do Muidinga quando a lua habita a escuridão da savana que clareia o lume dos olhos do pequeno relator, que embala os cansaços analfabéticos do velho Tuahir.
Entre conversas, relatos e reencontros com o passado, a Sonâmbula Terra vai deixando rastos e lições que somente mentes mais cultas se beneficiam das mesmas; os recheados cadernos do Kindzu, carregam uma sabedoria de dar inveja aos sabichões do mundo, formando um manual de instruções quando aliados aos discursos do velho Tuahir. Na Terra Sonâmbula, a vida se faz um mar de constantes aprendizagens e ensinamentos, lições que se perpetuam na mente dos leitores mais atenciosos, aqueles que lêem para se curarem da ignorância do mundo e não para enganar os passos do relógio. Nesta viagem de embalar cansaços e descanços, Mia tenta ser humilde, ao dar protagonismo dos seus saberes aos personagens, mas o importante é o conhecimento que está exposto, e dessa exposição seguem algumas frases marcantes do livro:
1. A guerra é uma cobra que usa os nossos próprios dentes para nos morder.
2. O sonho é o olho da vida.
3. Quem não tem nada não chama inveja de ninguém.
4. Quem constrói a casa não é quem a ergueu mas quem nela mora.
5. Nós somos o chão de uns e o tapete dos outros.
6. A gente morre cheio de saudades da vida.
7. Não é o destino que conta mas o caminho.
8. Quem não tem amigo é que viaja sem bagagem.
9. A fome quando ferra não faz feras.
10. Entre conversas do jovito Muidinga e o velho Tuahir, o enredo estende-se num encanto de embalar os olhos e pintar memórias que se extensionam nos cadernos de Kindzu, um personagem que ganha vida na voz do Muidinga quando a lua habita a escuridão da savana que clareia o lume dos olhos do pequeno relator, O chão deste mundo é o tecto de um mundo mais por baixo;
11. A luz do cego está na sua mão.
12. O mato não oferece alimento para quem não conhece seus segredos.
13. Os sonhos são cartas que enviamos a nossas outras, restantes vidas;
14. Não confies em homem que não sabe mentir.
15. A dor... é uma janela por onde a morte nos espreita.
16. A felicidade só cabe no vazio da mão fechada. A felicidade é uma coisa que os poderosos criaram para ilusão dos mais pobres;
17. Nenhum rio separa, antes costura os destinos dos viventes.
18. Esperto é o mar, que em vez da briga, prefere abraçar o rochedo;
19. O homem é como a casa: deve ser visto por dentro;
20. A miséria se cura... com farturas.
21. Quem dorme no corpo do outro perde a alma;
22. Nem sempre a estrada se movimenta.
23. Quem vive no medo precisa de um mundo pequeno, um mundo que pode controlar;
24. Em terra de misérias um pequeno nada é olhado com muita inveja;
25. A riqueza é como o sal: só serve para temperar;
26. A morte, afinal, é uma corda que nos amarra as veias;
27. Há coisas que todos sabem mas ninguém diz.
28. Toda a direcção do embriagado é sempre conveniente.
29. Casas juntas, ardem juntas.
30. As palavras de um dirigente devem encostar com a sua prática;
31. Quem mais sofre na guerra é quem não tem serviço de matar;
32. Nas ondas estão escritas mil estórias, dessas de embalar as crianças do inteiro mundo;
33. Em guerra se pode prosperar mais rápido que em normais tempos de paz.
Essas frases expressam e revelam o que muitos leitores e ecritores têm defendido veementemente: “o segredo do mundo está nos livros”; e porque o conhecimento, em parte, é feito por experiências individuais em que o sujeito faz as interpretações sensoriais do que é absorvido pelo corpo, convido-o(a) a procurar o objecto (livro: Terra Sonâmbula) e deixar-se ensinar pelo mundo preso no olhar do Muidinga, Tuahir e os relatos encontrados nos cadernos do Kindzu, tenha uma óptima leitura!
Arnaldo Tembe
09.09.2021