Eram quase 20h do dia 3 de Julho, quando, cansado de pensar em Cabo Delgado, dilema de chapa e stress do trabalho exploratório, etc, recebi um link com a seguinte mensagem: “Concordas, amigo?”. Era notícia de “O País Online”, na qual Chissano afirmava que as academias formam pessoas sem conhecimento. Em vez de responder à pergunta do meu amigo que, ansiosamente aguardava pela minha opinião, refugiei-me na almofada e cogitei. Em abono da verdade, quis ignorá-lo, Chissano e tantos outros que questionam adentro a afirmação. Mas, novamente, li a notícia e fui concordando, em parte, com a afirmação do antigo estadista moçambicano.
Uma afirmação sem um argumento não é mobilizadora. As narrativas precisam de factos como amuleto. Convenhamos, Chissano como um moçambicano, tem direito a opinião e eu, no âmbito desse exercício de cidadania, dir-vos-ia que aquela afirmação é um chicote psicológico para os jovens e não somente! Quem licencia institutos, universidades, etc, sem condições, sequer higiénicas? Ou seja, questionar a produção de conhecimento nas universidades moçambicanas, é também questionar a quem deve ou devia zelar pela boa qualidade de ensino e aprendizagem. Podemos falar de práticas, inovações e correntes pedagógicas, porém, a pergunta central seria: Que país queremos construir? Essa pergunta permitir-nos-ia refletir, sem necessariamente nos centrar na academia. Se o resultado da reflexão, compactuar com as estratégias desenvolvimentistas, certamente, voltaremos a debater sobre o papel da academia.
A essência da ciência, no geral, centra-se na continuidade do pensamento. A monotonia científica gera ditadores e cidadão pacato e consequentemente, uma sociedade sem o relógio do desenvolvimento. O problema, como me referi antes, não é apenas das academias. Não podemos recorrer aos títulos académicos sem academia. Não podemos exigir do académico, uma produção científica sem investimento. É, na verdade, um problema estrutural, possível de averiguar também na saúde. Marcelo Mosse fez um texto há dias sobre a extorsão animal do Hospital Privado de Maputo.
Por Jorge Azevedo Zamba