O Magister da morte numa casa chamada xikolene [vidas amargas]

O Magister da morte numa casa chamada xikolene  [vidas amargas]
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O sol nasceu mais cedo numa seguda-feira de Abril, naquelas terras de Tsutsuma Ku Mpimissa, a capital económica e política de Maganja do Céu. Chanissa, professor querido e temido pelas pessoas e um pequeno grupo de colegas, afinal seu gene era forte o bastante para aceitar abusos e amizades com os demais.

— O Sucesso é uma prostituta exigente que nunca dorme! — Sempre dizia a si mesmo convicto de que era o certo a se pensar. O que ninguém  imaginava é que muito antes de ele nascer, a desgraça se escreveu em seu ADN como a água e o oxigénio que amparam a vida na terra. Com o fluir do  tempo amargo e competitividade entre os habitantes de Tsutsuma Ku Mpimissa, tivera ele que vender sua alma ao xitukhulunikumba em nome da prosperidade e poder.  Passava a vida lambendo as couraças dos que tanto chamava de boisses, não temia nada e muito menos ninguém  o que lhe proporcionava garras para o uso desordenado do livre arbítrio. Suas aulas eram cheia de terror. Ademais, já não era novidade para quem fosse, que ele era o maior mulherengo entre os professores da Escola Secundária Maior Desgraça. Vergonha  dava observar quilómetros escritos de nomes de alunas e professoras que mordiscou e o número de pessoas que foram cobradas valores por boas notas e passagens de classe.

Como habitual, naquela manhã de Abril ele chegou muitíssimo atrasado ao seu posto de trabalho. Logo que o viram, alunos e alunas  ficaram assustados e correram até a sala de aulas. No entanto, durante a aula, certa aluna levantou a mão no intuito de apresentar  dúvidas em relação ao trabalho de pesquisa deixado há uns dias. Ele permitiu. O engraçado é que naquele dia permitiu que a jovem falasse, na maioria das vezes a considerava inútil, pois  ela tinha dificuldades de compreensão rápida.

— Não entendi ao certo o que devo fazer no trabalho, o professor hoje disse algo totalmente diferente do que recomendou na semana passada. — Suspirou— e o material não existe na biblioteca. Chanissa simplesmente ignorou a miúda e no final disse: limpe a boca antes de falar, teu cérebro contém germes nauseabundos! — A turma inteira riu e a pobre aluna sentiu-se magoada. Então, saiu correndo da sala de aulas sem pedir permissão. A turma eufórica não quis defender ou reprender o professor, afinal quem teria a santa coragem de o fazer?

Após horas de trabalho em outras turmas, o relógio marcava duas e cinco da tarde. Mais uma aula estava prestes a começar, desta vez na turma considerada a mais rebelde da escola. Porém de rebeldia a turma nao tinha.  Durante o cumprimento de um dos seu dever, de ensinar, o celular de um dos estudantes chamou. Rapidamente o jovem pôs seu celular no silêncio. Chanissa então disse: “desliguem essa porcaria”. E aplicou uma falta vermelha ao proprietário. Toda turma ficou terrorizada com aquelas palavras e o silêncio hospedou-se entre eles. Posteriormente, continuou.

Passados vinte minutos da aula, Nyeleti e Mynhembete pediram permissão para apresentar suas dúvidas. Chanissa permitiu sorrindo ao observar que a Nyelete era uma divina presa com corpo elegante como ele gostava de ver. Depois que Nyeleti falou, chegou a vez da Mynhembete.  Então ela perguntou sobre os silogismos. Inacreditavelemente, Chanissa já havia tratado sobre tópico na semana anterior. "Sente-se aí macarapau! Comida de ontem é para gente preguiçosa! Essa cabeça não serve somente para essas proteses " foi a única resposta crua e amarga  que deu a pobre jovem. Alguns rapazes e algumas raparigas que passavam pelo corredor e uma parte da turma riu, ela parecia humilhada. Chanissa prossegiu com a mestria pedagógica e pouco sentiu-se pelo que havia dito. Pareceu que a humildade e humanidade não mais morava em sua alma.

No dia seguinte, quando chegou a escola sentiu que o ambiente estava hostil. Entrou na primeira sala e não viu a Zubaida. Perguntou sobre ela e ninguém respondeu. Parecia que não soubessem de quem  se tratava. Foi para a outra turma, o cenário foi o mesmo. Então ele indagou: onde está aquela a macarapau? Ninguém o respondeu e passados alguns minutos todos sairam da sala deixando o professor Chanissa conversando com as paredes.  Ele ficou furioso, carregou suas bugigangas e caminhou até a sala dos professores. Durante o percurso, viu uma senhora destroçada junto da Nyeleti. Era mãe de Myhembeti.

— Seu assassino! — Gritou ela. Professores e alunos a volta ficaram chocados ao ouvir aquelas palavras. Mynhembete suicidou-se e deixou uma carta de despedida. A senhora, saiu daquele lugar furiosamente. Chanissa olhou para Nyeleti espantado pela coragem daquela senhora. Enquanto ele tentava compreender os motivos daquela situaçao  e se recompor emocionalmente, Nyeleti comentou: "você matou minha amiga, senhor". Ela realmente estava certa! Chanissa como sempre fazia, além de ensinar matava seus estudantes. Destruia sonhos e pensamentos! O pior é que a direção da escola nunca condenava suas atitudes. Duas alunas mortas, uma por acidente e outra suicídio. Somente Deus poderia o castigar. Algumas raparigas na escola já estavam chorando!  Chanissa ergeu a cabeça e disse: elas morreram porque eram fracas fracas para viver em Tsutsuma ku Mpimissa e sequer eram dignas de estarem nesta escola; continuou sua caminhada e sequer pensou em submeter a carta de demissão no dia seguinte.

Por Hélio Zyld Guerra

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