1.
Aos meus irmãos Leonel e Baptista
Rio
é uma canoa
de fogo
que o poema respira
na sombra
da fechada boca
que voa.
2.
Seven Red
Para Omar, Safira e Lino
Os olhos de Abril acordam na luz da metralhadora. A
pólvora entoa o silêncio aos ouvidos das pessoas, que circulam bem longe dos
seus pés sonhadores, fugitivas nas veias das matas que ainda sangram. As balas
riem-se de tal acto. Atiram os dentes aos longos braços das sombras das vozes a
rezar ao céu das pedras. Os joelhos sonham a queda do sangue a voar na pele de
Afungi. Agora só cantam o sal das águas os búzios do Wimbe!
3.
Para mim
E,
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mais uma vez,
Abril nasce,
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nos olhos
da bala.
-------?
4.
Ao Silmério
Paz
----------------
pás
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5.
Ao Armando
O céu
do lápis
perfuma o (m)ar
do tédio.
Acordam
para as nuvens
as asas
de papel.
Tem os olhos
ajoelhados
sobre o mar
da voz
o silêncio
da flor.
Morta
a ira
dos espinhos
nas ruas
da rosa.
As águas
correm
nas mãos
da ausência
a tecer
com os pés
de sal
a teia
da angústia.
Um sorriso
ergue os remos
da saudade
ao peito.
Na viagem
choram
os barcos
amados rios.
As ondas
líquidas obras
na tentação
da areia.
Morre
a pele
da distância
nos ossos
do poema?
Britos Baptista, moçambicano, nascido no distrito de Mocuba, na província da Zambézia, em 29 de Março de 1992. É professor. É tradutor e Intérprete Ajuramentado de Francês/Português e Vice-versa. É licenciado pela UEM (Universidade Eduardo Mondlane). É escritor e poeta. É membro da AMOJOF (Associação Moçambicana dos Jovens Francófonos) e da AEZA (Associação dos Escritores da Zambézia). É Coordenador do Clube do Livro de Quelimane. Foi um dos vencedores do concurso de Poesia Desenha-me A Tua Liberdade, em 2016. Participou na Antologia Poética Melhores Novos Poetas Africanos, em 2016 e na colectânea de poesia Desenha-me A Tua Liberdade, no mesmo ano. Foi segundo classificado, no concurso de Poesia Printemps Des Poètes, em 2019. Participou na Coletânea de Prosa 19 cartas para a covid-19, organizada pela Xitende, e publicada pela Oleba Editores, em 2020.