DESCREVENDO CHUVAS
Ao meu eterno amor
Meu coração chove poesia
Na gota que cai
Há um sentimento que habita
Tão suave quanto a brisa
Do mar que nos envolve, amor.
Adoro a magia nela
Ardendo no alto como chama de uma vela
Rompendo ondas no mar agitado como um barco a vela
E pássaros diabulando pelo pomar.
Meu coração chove poesia no ar
Recalcando teu corpo esculpido
E na hora que cai
Há uma melodia suave, um toque do teu ser
Oma-et sem vírgula e cor, apenas cantando meteoritos.
ALÉM DA COR
Adoro,
Esse olhar de mulher vivida
Que no seu ar há uma dor adormecida.
Adoro, sem querer e sonhar me apaixonei
Por essa delicadeza de sua alma, meu marte
Mulher sábia, expendida obra de arte.
Quem esculpiu-lhe? Essa firmeza dos lábios
O brilho dessa pele, essas claras curvas, Adoro-as!
Adoro tudo em você
Seu perfume, os pelos, alma e terra
Essa proibição de poder lhe amar
Nem navegar em seu belo mar…
Infância juvenil
Virgens são teus olhos
Oprimidos por inverdades
Que jazem dessa realidade abismal
Onde a solidão e agonia vivem.
Cegos são teus olhos abertos
Abertos e fechados ao progresso,
Cépticos ao amor e a bondade.
Altruístas são teus pensamentos
Doados pela religião da globalização
Através da maldição do consumismo.
Egoístas são teus suspiros
Que habitam em ciberespaços
Em que o superego governa infeliz
Oh ser, cante comigo em súplica
A paz e moral a toda humanidade.
Lágrimas de Pemba
É lamentavelmente triste, o peso da dor que sufoca
Tão triste quanto as palavras que saem desta boca,
Pois, a perola quebra-se aos bocados desde o norte
Enquanto o mar se agita ao sabor asqueroso da morte.
É triste, mãe!
As planícies e planaltos de Pemba ecoam lamentos,
Choram lagrimas que inundam os olhos da esperança
Ofuscados pelas balas que pintam o país a cor da desgraça.
É triste, o choro das mães e filhos
Marcados pela febril agitação das balas sem ética
Levantando cortinas de fogo que dançam frenéticas
Enquanto os santos engradecem a religião: o capitalismo.
- Cadáver! Corpos dando costas ao céu, prezando o despeito
Onde a culpa da ganância desconhece a graça dos xicuembos
E os sobreviventes cortejam a discórdia da vida- que infortúnio!
É triste, o vermelho da bandeira pintando o verde das terras,
Bala bailando tesas em busca de inocentes incrédulos de um amanhecer
Que graça tem a misericórdia ou remédios do ocidente
Se Nungungulo não honra pelos seus e muito menos pelos que merecem.
É triste, porém oxalá que Ngungunhane
Ou o padroeiro da unidade nacional, nos salve.
,Somos paito, perdemos o significado da razão
Á meia-noite de luar
Ventos sopram de oeste à leste
Transportando vozes esquecidas
Dos ancestrais adormecidos.
Vozes silenciadas pelo medo e fartura
E que o tempo as tirou de mim,
Vozes cravadas no túmulo de memórias
Abandonadas pela sophia (no lugar da estupidez)
Que queima a alma imprudente
Na folcloridade da minha arrogância
Martirizando minha descendência
À meia-noite da Santa Paz
Os céus trazem retratos esquecidos
De legiões de heróis
Heróis que escreveram histórias de si
Mas que o tempo as apagou na gloria de si.
PERFUME ERÓTICO
I
Num dia qualquer cobria-se o céu de negro véu
Sob ela havia uma tremeluz e sorridente lua.
Se brande, risota, dançam estrelas baças
Acompanhando o brilho do formidável troféu.
Chão de pétalas e rosas escoltando o baile das chamas
Luminosas que dão a beleza do palácio nupcial,
Saudando a degustação romântica do prazer acidental
Do briol adocicado de prosas do amor em fervor.
No silêncio falante, corações sorriam gritando
Juras de amor em beijos infinitos de paixões
De um fundo abismo onde não chegam nossas indagações.
Perfume, pele macia, matizes de alegria carnal,
As águas cristalinas e imortais da fantasia
Libertavam asas da criatividade sexual e sensual.
II
Medra volúpia em sofás macios e envolventes
Já lânguida e sem energias, procuras um beijo
Que nas noites de inverno ao vento se balança.
Em favor das caricias que a dor não alcança.
Juras de amor, perfumes, beijos infinitos,
Caricias incessantes e pegadas ressuscitam
O cadáver de seu vampiro de prazeres famintos.
À medida que a língua desliza em seus lábios,
Um gemido emana em minha boca,
E finalmente posso sentir e provar seu gosto
Um gosto tão bom quanto parece. Se entrega!
No suspiro fatigante, você joga meu corpo na cama
Sigo seu corpo com beijos e caricias que tocam a alma,
Penetro carinhosamente e sinto seu estremecer e louca.
III
Nas tardes de domingo na varanda, entre róseos matizes.
Quão doce era o seu seio, o beijo e afável o coração!
Dissemo-nos em caricias, os dois as coisas mais felizes
Consumidos pelos ventos de amor e perdição.
Agarro seu queixo, aprofundando o beijo,
E sua língua timidamente toca a minha... Explorando.
Considerando. Sentindo. Beijando-me de volta.
Completamente intoxicado, embriagado com seu aroma e sabor.
E os meus lábios se contraindo mais uma vez com fervor.
Suspiro de olhos fechados sentindo o macio da sua pele negra,
Retocado de perfume que me convidam ao palácio do prazer.
Entro e sou recebido com calorosas chamas de prazer,
Cada vez excitado digo: liberte-se e aproveite-se de mim!
E gritas enquanto é consumida olhando para mim.
Inclinando a cabeça para trás, a boca aberta, os olhos fechados...
E apenas a visão de seu êxtase é suficiente. Explodo em si,
Perdendo todo o sentido e razão, na onda de prazeres sem fim
Chamando o seu nome e gozando dentro violentamente.
Quando abro meus olhos estou ofegante, tentando recuperar o fôlego,
E estamos testa a testa, olhando para mim. Está saciada …!
Planto um beijo rápido na sua boca, saio para fora e deito ao seu lado.
Suspirando ma paz e harmonia das tardes de verão alimentando chamas.
Constatações ontologias I
Sem amor
Sem paz
Herdando a distorção dos sonhos
e tradições.
Constatações ontologias II (Meu nome é África)
Não sou amante do diabo, tenho nome
Dor
Aos meus amigos
INDAGAÇÕES POÉTICAS
Que cor contempla o desenvolvimento? Essa etapa eufórica da liberdade do sucesso.
Milagres de um povo lamacento que esconde um pomar de alma em que trocam fluidos de uma esperança. Como se criara a fronteira do bem e do mal? Do dia e da noite? Ou deste outro esquecido pelo EU em que caligrafias de cor e mapas cibernéticos traduzem culturas de um povo. De quê se define uma raça? Um olhar? Essa farda que vestimos, essa história que se escreve nessa linha abençoada sem dó.
Como se escreve um silêncio, uma brisa sem ruídos, um percurso sem turbulências nem lampejos de cansaço de um sonhar alto? Diga-me doce tristeza, melânica humanidade, de que cor a existência se veste. Da cor infinita na solidão conjunta desta dança que se meneia no caos.
Diga-me solidão, até quando a morte se curvará aos teus descanto tirando pétalas de mim sem nobre alvitre ou negociação. A primavera se ilude na dança de uma borboleta ferida no azar daquele sorriso chamado sonho.
Diga-me filo e sofia, a morte cobriu sua mente? Ó pátria dos poetas, que em cada grão de areia se plantem almas sagazes e fecundas de um não-adeus do tempo em nome dessa bondade chamada “gaya guango”. Ó Hosi que a morte não venha antes do assobiar da Vitória e prazer do sexo destes anjos.
Sobre o autor
“Deixe-me limpar tua alma com um abraço e as lágrimas com um beijo. Nosso amor é poesia”
Hélio Zildo M. Guerra, cujo pseudónimo é Hélio Zyld Guerra nasceu em uma manhã de domingo, ao décimo quinto dia do oitavo mês de 1993 no Município da Cidade da Matola. É licenciado em Filosofia pela Universidade Eduardo Mondlane (2012-2016 m especial destaque para o tema do seu trabalho de fim de curso: “O progresso do conhecimento cientifico em Gaston Bachelard”). É professor de Introdução à Filosofia e de Língua Portuguesa, palestrante, filosofo, pesquisador, autor e escritor moçambicano. Publicou “Poesia Líquida” (2020”; “Activisionismo: um ensaio envolta da reconstrução social” (2020, co-autor); e sensualidade 21 (Fevereiro de 2021). Em tempos livres, lê, medita, escreve, caminho pela natureza. Contatos: Heliozildo@hotmail.com; heliozildoguerra1@gmail.com ou pelo www.facebook.com/heliozyldguerra. Blog: www.heliozyldguerra.blogspot.com