Como era de costume da parte do pequeno Edson, todos os dias pela manhã saía do portão dos fundos da casa para ir apreciar as frondosas árvores que constituem uma das identidades da terra, a calorosa cidade dos nhúngues que são os famosos embondeiros que afastam-se á cem metros de sua casa na banda do bairro Matundo. Árvores gigantescas que em muita vezes pareciam não ter vida, mas a vida escondia-se no que ninguém podia ver.
Assim era a rotina do pequeno Edson acompanhado pelo seu fiel escudeiro João, que se tornara seu amigo ao acaso quando todas vezes o João levava o seu gado para o pasto. O João e o pequeno Edson passavam a conversa entre uma á uma hora e meia; Edson tanto queria ajudar o João a perceber a escola da vida ainda que, fora adolescente mas percebia muita coisa sobre a vida. Os pais diziam que aprendera a leitura da vida pela influência dos bonecos animados e o mundo digital se vive nos tempos do hoje. Sua fala era de se apreciar, dizia ele:
- Meu amigo não basta ser pastor, tens que aproveitar e ir à escola ainda que seja para começar da alfabetização, pois o começo é o ponto de partida.
Mas João, convicto estava que ser pastor era a sua sina, era a sua maior paixão ainda que fossem apenas dois bois os dias passavam-se alegres.
Certo dia, o pequeno Edson foi ao lugar de sempre e deparava-se com um vazio... não encontrava o seu amigo de campo e começava a dar umas vistas aos embondeiros com vontade de subí-las para tirar da fonte o seu fruto (Malambe), e não o achou até que o surpreendente aconteceu, contemplou um boi em cima do embondeiro. A pergunta lhe assaltou a mente:
- Será que estou a alucinar?
Talvez ou não, porque pela sensação que ele transmitia parecia mesmo real. Como ia explicar aos amigos e aos irmãos que vira um boi em cima do embondeiro?! Mas do que ninguém ele encararia esta novidade ou teria que se calar para sempre, mas era impossível se calar ainda que todo mundo não acreditasse nele. Pensou num escape, levar uns amigos e irmãos ao campo para mostrar com os olhos o que as palavras diziam, por ironia do destino lá o boi já não estava.
Assim aconteceu e ele manteve esta informação que diz ser verdade ainda que ninguém estivesse do lado dele. A informação espalhou-se como do rebento e velocidade de uma bomba atómica, e foi para além daqueles que eram seus amigos e chegou ao malume (significa “tio” em língua Chichewa) Tomás, assim era chamado o explicador da zona. Ao ouvir procurou se aproximar do Edson, mas se tornara difícil talvez porque ninguém o acreditava mais; então o malume Tomás conhecido também como o régulo da zona e era detentor de muitas experiências que o tornaram num ser sábio, tentava trazer os anos setenta e relacionar mais a mente, mas não entrou em ação sobre este milagroso facto.
Aproximou os pais do pequeno Edson e sugeriu que se procurasse os idosos da banda, talvez fosse um sonho e que houvesse um significado porque já fazia quase dois anos que não chovia na cidade ou talvez que o Edson começou a ter problemas mentais. A prior a informação não agradou aos pais do Edson!
continua...
Hermínio PekLiano
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