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É um facto: - Os jovens tiveram uma noite de núpcias a troco de humbúrguer. As interpretações são várias. As do censo comum, como é o habitual numa sociedade em que pensar é um problema, ocupam o lugar de destaque. Os moralistas condenam as jovens que copularam com os dois jovens acusados de fazer "sexo sem o consentimento delas". Com base neste acontecimento, convinha pensar na nossa sociedade. Que transformações sociais e culturais sofremos? Mas primeiro, temos que pensar na vertente biológica do coito.
Os dois jovens, obviamente, viram uma oportunidade naquela noite. Os meios usados para lograr os seus intentos ainda são desconhecidos. E, na verdade, este é o papel da polícia - apurar a veracidade dos factos. Até então, o laudo médico confirma uma colaboração entre os casais. O coito, entendamos, é uma ordem biológica. E na insuficiência, ou por motivos de diversão, procuramos noutros lugares para nos vermos livres do mundo interior. O mesmo se sucede para todos. É biológico. Agora, o arrependimento é resultado de reflexão ou medo pela represália. Na verdade, as jovens podem não estar arrependidas. Elas têm medo do que a sociedade vai pensar delas. Somos uma sociedade ainda moralista. Ainda, o coito é biológico e quem o pratica é um animal político. É preciso empregar política como artimanha. O homem e a mulher pensam e agem em função do que não dispõem ou precisam mais. Neste contexto, reinventam-se para chegar ao seu porto.
Somos uma geração snobista, anti-calcinha e, pior, uma geração de aparências. Os jovens podem ter dito que são da Sernic. Esta acusação precisa de uma interpretação jurídica. Enquanto isso, os dois jovens e as jovem, como animais políticos, "mentiram-se" em prol de um objetictivo comum: diversão. Os homens foram snobistas para gerar segurança nas presas. É natural: - " Somos da Sernic, temos armas. Não se preocupem". Pode ter sido um instinto de sobrevivência. Morder a isca pode ser uma expressão machista, mas estou disposto a enfrentar as consequências. Elas morderam a isca. Enganar também faz parte da negociação. Em abonos da verdade, na geração snobista e anti-calcinha é quase impossível sobreviver sem uma dose de mentira. Não estamos a encorajar que os homens desrespeitem as mulheres. Simplesmente, estamos a apelar à liberdade das mulheres (também). Qual é o jornalista que contactou uma das jovens após o sucedido? Qual é o dia a dia delas? Qual é o jornalista que pediu uma entrevista a um dos jovens após o sucedido? Qual é a ocupação desses jovens? São perguntas cujas respostas podem revelar o rosto de muitas mulheres e muitos homens.
Por Jorge Azevedo Zamba