Sinceramente, entristeço-me muito quando vejo alguns dos nossos parentes nos pressionando para que tenhamos namoradas, para que sigamos algumas crenças, para que sejamos isto ou aquilo. "Nhazilo, já não tens idade para varrer o quintal, não podes lavar os pratos, roupas, cozinhar...tenha uma mulher, case logo uma mulher que fará isso por ti"; ora "meu filho, nunca me mostraste a tua namorada", " és um homossexual, queres ser padre?", "tens que ir a igreja", "tu tens que aceitar amarrar essas linhas porque os nossos antepassados amarravam, por conta disso e mais outros aspectos.
Dá raiva, confesso de punho cerrado!
Na maior parte das vezes, são os nossos pais, tios, vizinhos e avós que nos colocam esse "conceito" de MACHISMO, o VENENO DA IGNORÂNCIA de vermos a Mulher como um "instrumento" de trabalho, de produção, de sexo, de servidão, enfim, de vermos as coisas pela forma que eles querem que nós vejamos, aí se vai o mundo social.
Alguns de nós obedecemos seguindo esse LIXO e acabamos frustrados, deprimidos, vivendo mais para os parentes do que pra nós próprios. Os que não seguem, são vistos como desobedientes, transgressores das leis impostas pela sociedade, piores filhos, piores maridos, amigos, irmãos, são marginais, inomináveis.
Estou ciente de que a sociedade é, como relata um sociólogo nascido em Lorena, o Emile Durkheim, "como colectividade, que organiza, condiciona e controla as acções individuais. O indivíduo aprende a seguir normas e regras que não foram criadas por ele, essas regras limitam sua ação e prescrevem punições para quem não obedecer aos limites sociais [...]
O indivíduo, por exemplo, obedece a uma série de leis impostas pela sociedade e não tem o direito de modificá-las".
Algumas pessoas, mormente nós "africanos" limitamo-nos em DIZERES POPULARES buscando sustentar o que pouco conhecemos, pouco percebemos e tornamo-nos ESCRAVOS de CRENÇAS ALHEIAS. É preciso que tenhamos um pouco de senso crítico, e, também, que busquemos compreender como é que essas coisas funcionam, pois, a sociedade, em si, é uma farsa, impõe leis e, é ela mesma, a primeira, a transgredi-las.
Sei que a crença é indispensável sim, porque, vendo-a integralmente, é ela que nos move, porém, pode tornar-se também numa BOMBA ATÓMICA quando for mal usada ou mal interpretada no USO.
Muito mais vale ser considerado louco, ser visto como um DEFICIENTE social, cultural, espiritual, mas sabendo o que está a viver e porquê está a viver. Não estou aqui a sugerir uma vida sem regras, não. Contudo, precisamos rever os conceitos da liberdade e do conhecimento.
Por isso, para que não confundamos liberdade com libertinagem é importante que haja conhecimento, no entanto, para isso, questionemos os DIZERES dos nossos parentes, amigos e da sociedade em si, busquemos a verdade.
Para terminar, na minha opinião, enquanto não olharmos criticamente o que a sociedade nos IMPÕE, continuaremos a ser VÍTIMAS de LOUCURAS SOCIAIS, nos casando para humilhar, maltratar, ficarmos presos nas FANTASIAS; que lutemos para que resolvamos os problemas sociais que sermos CAUSADORES desses mesmos problemas; não tendo direito de mudarmos essas regras, façamos sentir essa mudança em nós. Lembremo-nos, ninguém muda ninguém, façamos a nossa parte.
Luís Nhazilo