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1.
Ao Silmério, ARARA e Reginaldo
Silêncio
é um labirinto,
onde se perde o verbo.
qual é a porta para o poema?
2.
Ao Daúde, Edmilson e Balate
Sentado
à maquina do silêncio
movo as mãos ao vazio
da voz
movo o medo
- agulha sobre o pano do vento
costuro a veste da solidão
e um a um
prego os botões do nada
prontos!
mais uma túnica
para a nudez do Sozinho
3.
Ao Pinho, Arsénio e Huntelaz
O mundo
é um lugar fedorento.
passo por ele,
com as mãos no nariz.
mas,
o fedor penetra-me
pelos ouvidos.
é como se o diabo cagasse
em todos caminhos.
quero fugir dessa merda.
vou alugar uma casa na lua.
só rezo
que aquele tal de Armstrong não tenha cagado, lá!
4.
À Rainha de Gaza
Abri a boca
dos olhos.
o silêncio foi medo
- dobradiças
negando mover a porta
do verbo,
querendo abrir-se ao mundo.
e,
todo barco rio.
eu era barco navegando,
de joelhos,
no chão do zambeze.
5.
Ao Norek, Fanheiro e Ernestino
Então
quantos barcos cabem
na língua da lua?
6.
Ao Daúde, Silmério e Bene
Morri um pouco. Talvez, ontem a noite. Talvez, na madrugada de hoje. Talvez, agora. Matei-me, pela metade. Mas, há muitos pedaços de vida, que me sobraram. Deveria ter morrido inteiro, antes de todos ontens. Acho que estou morrendo, neste versos, agora.
Todas palavras, andando fora dos meus dedos, sangram-me. Ponho uma vírgula, do tamanho de todas preguiças do mundo, no verso que me quer morto. Prefiro morrer, depois de todos amanhãs. Agora, devo apagar todas estas palavras, para ressuscitar minhas mãos. Na verdade, sinto uma infinita preguiça de morrer, em poema.
Britos Baptista