O vendedor de crédito (Capítulo 5)


Leia Capítulo 4 aqui

- Creio que já saibam o porquê da vossa vinda até aqui. Irei directo ao assunto. O vosso filho esteve aqui ontem, disse que engravidou minha sobrinha Isaura e que pretendia assumir, casar e morar com ela. A verdade é que eu não concordo com essa união e quero vos dizer que ela não terá esse filho, senão vai comprometer o seu futuro. Falei com alguns conhecidos meus e já acertei tudo com eles, ela vai abortar.

Todos naquela sala não acreditaram no que estavam a ouvir. Isaura não sabia se ficava feliz ou triste com a decisão da tia, apesar de não a terem consultado. Arsénio ficou calado, não entendia o que estava a acontecer.

- Desculpa, minha Senhora, o nosso filho disse que estava disposto a assumir o que fez, por isso viemos aqui com todo o respeito nos apresentar para formalizarmos essa relação. Não entendo como é que se tomou essa decisão de aborto, porque o nosso filho disse que pretendia casar.

- A decisão de aborto já foi tomada, e não haverá casamento algum, espero que respeitem a minha decisão.

- Eu não quero abortar. Gritou Isaura, visivelmente irritada com aquela situação.

- Você acha que terá algum futuro quando se esse bebé nascer? Não terás esse filho e pronto. - Retorquiu a tia.

- Para nós o bebé será bem-vindo, e achamos que de cabeças quentes não iremos resolver nada, agradecíamos que a nossa conversa continuasse amanhã.

- Ninguém está de cabeça quente aqui, e se acham que preferem vir amanhã podem vir, mas a minha decisão vai continuar a mesma.

Os pais de Arsénio despediram e abandonaram o local. Dona Joana não dirigiu nem sequer uma palavra a Isaura. Também saiu e foi fazer os últimos acertos para o aborto. Quando voltou, Isaura não estava, havia arrumado todas as suas coisas e saído de casa. E enquanto a tia se desesperava em saber o seu paradeiro, Isaura jantava pela primeira vez em casa dos seus sogros. Ela havia se mudado à revelia da Tia para casa de Arsénio.

No dia seguinte, a tia ficou a saber do paradeiro de Isaura, e tentou convencê-la a voltar, mas ela recusou-se com receio de ser obrigada a abortar. As tentativas foram recorrentes, mas sem sucesso.

Pedro também soube do sucedido e foi logo falar com Arsénio.

- Ouvi dizer que engravidaste uma moça e está a morar contigo.

- Sim, é verdade, a moça chama-se Isaura, pretendo casar com ela. É a mesma que esteve connosco na festa, você engravidou e não quis assumir, ela contou-me tudo.

- Como assim pretendes casar ela, como assim? Eu é que engravidei, você não está bem djo, não vês que está a ser matrecado por aquela baby?

- Se estou a ser matrecado ou não, isso não me importa, o que eu quero é que não contes o que aconteceu a ninguém, para todos os efeitos eu sou o pai da criança. Estamos entendidos?

Depois daquela conversa tensa combinaram não tocar mais no assunto e cada um continuar com a sua vida. Meses passaram, o bebé nasceu, e como reza a tradição, o casal foi até a casa da tia para apresentar o primogénito, mas ela recusou-se a recebê-los.

O tempo foi passando, e a tia continuava a recusar a visita.

Rito Nobre


Continua…

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