Não
sabia o que fazer. Viu a promessa que fizera a mãe, de ser a primeira na
família a concluir a Décima Segunda, a desmoronar. Nem conseguiu dormir
naqueles dias de tanto pensar na reacção das pessoas. “Será que minha tia vai
me expulsar de casa? Se eu voltar ao povoado, como é que vou encarar Carlitos e
as minhas irmãs? Será que Pedro vai assumir o filho? E Arsénio o que vai pensar
de mim quando souber disto? E se eu abortar e alguém descobrir ou eu morrer?”.
Tomou
coragem e ignorou o acordo que fizera com Arsénio, de não falar mais com Pedro.
Pegou no celular e ligou para ele a pedir para o encontrar. Combinaram de se
encontrar de baixo do prédio onde ela morava. Na hora combinada, Pedro chegou e
estacionou o Vitz, ela entrou.
- Há
quanto tempo, Isaura, sentiste saudades minhas né? Eu sabia que não aguentarias
por muito tempo.
-
Nada disso, Pedro, eu ando estranha, acho que estou grávida.
-
Sério que estás a vir com essa conversa para cima de mim? Eu não quero saber
dessa história, você sabe onde e quem te deu isso, saia já do meu carro e nunca
mais me procure. Falou Pedro todo nervoso e arrogante.
Isaura
saiu dali mais desesperada ainda, chorava incessantemente. Foi directo para
casa e meteu-se no quarto, onde continuou a chorar, pensava incessantemente o
que seria da sua vida dali para frente.
Não
via nenhuma saída, decidiu fazer um aborto. Mas como não conhecia ninguém que a
ajudasse com a ideia, e sabendo que Arsénio faria tudo que ela pedisse sem a
julgar, pegou no telefone e ligou.
-
Alô, estas em casa? Posso te ver?
-
Estou sim, queres que eu vá até aí ou queres vir?
-
Não estou em condições de andar muito, venha até aqui, não te preocupes, minha
tia não está.
20
Minutos depois Arsénio estava lá, sentaram-se na mesa da sala, com os olhos
cheios de lágrimas e cabisbaixa Isaura disse:
-
Estou grávida.
Continua…
Rito
Nobre