O vendedor de crédito (Capítulo 3)


Leia Capítulo 2 aqui

Não sabia o que fazer. Viu a promessa que fizera a mãe, de ser a primeira na família a concluir a Décima Segunda, a desmoronar. Nem conseguiu dormir naqueles dias de tanto pensar na reacção das pessoas. “Será que minha tia vai me expulsar de casa? Se eu voltar ao povoado, como é que vou encarar Carlitos e as minhas irmãs? Será que Pedro vai assumir o filho? E Arsénio o que vai pensar de mim quando souber disto? E se eu abortar e alguém descobrir ou eu morrer?”.

Tomou coragem e ignorou o acordo que fizera com Arsénio, de não falar mais com Pedro. Pegou no celular e ligou para ele a pedir para o encontrar. Combinaram de se encontrar de baixo do prédio onde ela morava. Na hora combinada, Pedro chegou e estacionou o Vitz, ela entrou.

- Há quanto tempo, Isaura, sentiste saudades minhas né? Eu sabia que não aguentarias por muito tempo.

- Nada disso, Pedro, eu ando estranha, acho que estou grávida.

- Sério que estás a vir com essa conversa para cima de mim? Eu não quero saber dessa história, você sabe onde e quem te deu isso, saia já do meu carro e nunca mais me procure. Falou Pedro todo nervoso e arrogante.

Isaura saiu dali mais desesperada ainda, chorava incessantemente. Foi directo para casa e meteu-se no quarto, onde continuou a chorar, pensava incessantemente o que seria da sua vida dali para frente.

Não via nenhuma saída, decidiu fazer um aborto. Mas como não conhecia ninguém que a ajudasse com a ideia, e sabendo que Arsénio faria tudo que ela pedisse sem a julgar, pegou no telefone e ligou.

- Alô, estas em casa? Posso te ver?

- Estou sim, queres que eu vá até aí ou queres vir?

- Não estou em condições de andar muito, venha até aqui, não te preocupes, minha tia não está.

20 Minutos depois Arsénio estava lá, sentaram-se na mesa da sala, com os olhos cheios de lágrimas e cabisbaixa Isaura disse:

- Estou grávida.

Continua…


Rito Nobre

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