Leia o Capítulo 1 aqui
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De onde me conheces?
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Arsénio fala sempre de ti, e vejo que ele não exagerou quando falava da tua
beleza.
Ela
sorriu encabulada.
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Está todo o mundo a beber, menos você… - disse Pedro.
Isaura
respondeu que não bebia, e que fora criada numa família com regras rígidas, mas
que vontade de provar nunca a faltou. A conversa foi fluindo, e Pedro
convenceu-a a provar uma bebida que segundo ele, era doce e leve.
Os
dois beberam, dançaram juntos, e depois de trocarem os números de telefone,
muitos olhares provocantes, conversas tendenciosas e gestos meigos,
desapareceram no decorrer da festa e acabaram no carro de Pedro, onde Isaura
entregou a sua virgindade, que outrora prometera a Carlitos naquela tarde de
Dezembro de baixo de um cajueiro.
Já
envolvidos pela sombra nocturna e pelo espírito do álcool, faziam idas e vindas
entre a festa e o carro, foram várias sessões no banco de trás do Vitz naquela
noite.
Depois
da meia-noite, Arsénio deu-se conta que havia combinado de levar Isaura para
casa antes da meia-noite, e foi procura-los no canto onde havia os deixado, não
estavam. Saiu a rua e os encontrou encostados no carro aos beijos. Ele viu
aquela cena paralisado, respirou fundo e disse:
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Isaura, temos de ir, tua tia deve estar chateada a esta hora.
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Eu já a havia prometido acompanhar para casa, porque esta hora já não há
chapas. Respondeu Pedro.
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Não precisa, eu é que a levei até aqui, eu é que vou a devolver.
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Então posso levar os dois, deixo-vos de baixo do prédio, e eu tomo o meu rumo.
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Tome o teu rumo agora, e a deixe em paz, gritou Arsénio. Depois tomou-a pelo
braço e a levou. Isaura impotente e sem reacção, apenas foi.
Caminharam
da Mafalala ao Bairro do Alto Maé, durante a caminhada, ele só repetia a mesma
pergunta, porque fizeste isso comigo, ela permaneceu em silêncio até a porta de
casa, onde começou a chorar e deu um abraço demorado a Arsénio. Logo entrou
porta a dentro, mas com receio de receber alguma repreensão da tia por estar a
chegar a aquela hora e de certa forma bêbada. Mas por sorte a tia estava a
dormir, e não se apercebeu da chegada de Isaura.
No
dia seguinte, Arsénio, inconformado, foi a casa de Isaura pedir explicações
sobre o que havia acontecido na festa. Bateu a porta e para a sua sorte Isaura é
que abriu. Com a garganta pesada, ele disse:
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Mas como tiveste coragem, sabendo que ele era meu primo, e que eu gosto de ti?
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Não sei como aquilo aconteceu, aconteceu, mas eu não tenho nada com ele.
Foi
uma conversa longa na porta da casa de Isaura, e ela prometeu não entrar mais
em contacto com Pedro. Arsénio satisfeito com o resultado da conversa,
conformou-se e voltou para casa. E Já que estavam de férias, eles pouco se
viam, mas quase todo o tempo estavam ao telefone.
Semanas
se passaram, as coisas foram fluindo, porém Isaura começou a notar mudanças no
seu corpo, tinha enjoos frequentes e quando ela parou de ver menstruação, veio
o desespero.