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Esperar é uma das virtudes concedida às mulheres que zelam pelo seu lar com respeito, perseverança e benevolência. A vida de casados é, como certa parte das mulheres julga, uma prisão cuja finalidade é de prender as mulheres nos seus anseios e permitindo aos homens a liberdade de usufruir das maravilhas que o mundo pode oferecer. Esta minoria de mulheres pensa que o homem é um cientista de mulheres que, num universo de dez mulheres que se cruzam com ele, pelo menos, em média, quatro delas devem conhecer os seus aposentos ou o seu lugar de delitos ou infidelidades matrimoniais, as famosas pensões e, se calhar, motéis e prostíbulos.
Porém, há certas mulheres que apresentam uma visão diferente quando se trata do matrimónio, aquelas que são guerreiras por natureza para manter o seu lar nas mãos de Deus longe dos tumultos e dos artifícios mundanos que emergem a respeito dos homens de serem infiéis pelo seu carácter natural, propalando e fomentando o diabólico ditado popular ao proferir que “todos os homens são farinha do mesmo saco, e se calhar, generalizando, farinha do mesmo campo”.
A mulher tomada como referência nestas linhas não se contenta com esse dito popular, esperou o seu momento e parcelou uma certa parte daquele campo em que todos os homens são iguais e jurou cuidar, respeitar e honrar o anel em seu dedo na ausência ou presença do seu homem.
A mulher em referência conta, na primeira pessoa, como é importante saber esperar, apesar da distância que a separava do seu esposo e da saudade que os tornava mais perto um do outro quanto mais se incrementavam os dias, as semanas e os meses.
- Meu marido saiu em missão de serviço para o estrangeiro, não que tenha sido a primeira vez que ele viaja, mas sim por ser a vez que ele levou mais tempo em relação às outras vezes. Foi muito difícil para mim dividir as minhas tarefas sendo sozinha. A minha rotina parecia como se não fosse a mesma devido à ausência dele, senti-me como se as responsabilidades tivessem sido aumentadas, mas não, continuavam sendo as mesmas.
Lembro-me que dormia quase sempre tarde, conversando com ele pelas redes sociais, mesmo sabendo que logo pela madrugada tinha que me levantar muito cedo para ir ao serviço, do serviço à universidade e da universidade para casa. Em média dormia à uma de madrugada. Aquela rotina gerou uma frustração em mim, um peso que gerava um impasse em minha consciência, rodopiava gradativamente a cada dia e o tempo consumia-me ainda mais na ausência dele.
As redes sociais eram o único meio que encontrava para me consolar e aproveitar a sua companhia, mesmo sabendo que depois disso me sentiria só, com a cama nua e fria. Era como se a sua ausença parasse o meu mundo, cada segundo dizimava cada fólego de qualquer espécie que estivesse viva em meus pensamentos e na minha eterna saudade.
Nas palavras dela percebe-se que a beldade do mundo só existe quando o seu amado esposo estiver presente, porque é com ele que divide as tarefas, planificam juntos o dia, mas sem ele, para ela é muito pesado e desconfortável. Continuando, nas suas palavras:
- dois meses e meio se passaram e a ansiedade de poder vê-lo dentro de quinze dias aumentou em mim, parece que iria explodir de emoção porque finalmente o meu amor estaria de volta aos meus braços para afugentar esta imensa saudade que tanto tenho dele. Mal os dias se aproximaram comecei a planejar algo especial para o nosso encontro. Para mim, esses três meses longe um do outro, o reencontro seria como se fosse o primeiro encontro, a primeira aparição do moço encantado como naqueles bonecos animados de Príncipe e Princesa, ainda me sentia assim, tão jovem e apaixonada por ele e essa paixão se acumulava ainda mais pela saudade que paulatinamente dalicerava-me a alma.
Meu Deus, parece que iria enlouquecer de tanta emoção, mas me contive para não estragar a surpresa que estivera a preparar para o meu grande amor. Precisava mesmo preparar uma noite romântica longe de casa, onde podiamos estar somente eu e ele, fazer da noite ser nossa e criança porque batia uma saudade não igualada a nada. O terceiro mês se foi e ele me ligou dizendo que chegaria ao entardecer. Ouvindo isso, estremeci um pouco e o meu corpo arrepiou, a imaginação voou mais alto que a realidade. Sabendo do dia exacto em que ele voltaria, conversei com os meus afilhados para que o recebecem no aeroporto e, enquanto isso, eu me ocupara em alugar um quarto num dos móteis circunvizinhos só para nós dois. Era sexta-feira e eu não fui à universidade e ele não perguntou por mim no aeroporto por pensar que estou mesmo na universidade.
Os meus afilhados fizeram o combinado, levaram-no ao motel em que estava, ele sem entender nada. A recepcionista que estava de serviço naquela noite lhe indicou o quarto no qual eu estava e à espera dele. Esperei sentada na cama igual a um caçador que pacientemente se faz a um tronco esperando pela sua presa. Ele abriu a porta e a primeira imagem que viu foi a minha, ele ficou espantado, emocionado e reluzente em seu olhar. Eu também bem anciosa e nervosa ao mesmo tempo como naqueles filmes de romance em que o primeiro encontro é cheio de timidez.
Naquele instante ninguém quis saber da saúde do outro, o facto de estarmos ali já aliciava um estado de saúde melhor porque finalmente as almas gêmeas iriam se conectar por completo depois de três meses um longe do outro.
Ele encostou a porta com o pé, aproximei-me dele, beijámo-nos freneticamente nuns suspiros fortes e intensos como se de duas Lurdes Mutolas em uma corrida de 800 metros nos tratássemos. Enquanto beijávamo-nos senti um alívio em mim, uma brisa misturada com a temperatura do calor do meu homem que se fazia sentir em meu corpo. Jogámo-nos na cama e ali nós estávamos subtraindo a saudade em múltiplos de prazer cuja soma se revelou em corpos dilatados e respiração ofegantes.
-Continua-
Por Eros Vinicius