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E então Fernando, tu lembras da primeira vez que tentaste adentrar o seu leite ao nosso coito? Lembras-te que foi na fundação do quarto 304? Tu chamavas o elevador enquanto eu descia pelas escadas, e no mesmo instante a minha saia de seda preta subia pelas suas traseiras. Lembras sim Fernando, como não? As marcas dos seus chupões estão bem visíveis na zona da minha virilha, por mais que estejam em braile, consigo decifrar nitidamente a coesão das forças que foram aplicadas usando a equação de Young-Laplace. E quando eu quis gritar, tu me fizeste lembrar do ditado: “em boca fechada não entra mosca”, mas no lugar disto, tu introduziste as suas duas bolas. Tu me traíste, prometeste que seria apenas um beijo…mas como eu fui confiar em um binómio de Judas?
O meu corpo encontra-se atordoado pelas escadas, apenas escuto as vozes das minhas veias, do meu útero e do meu pulmão. A cacimba do terraço deixa molhado o seu coração pálido, o fumo das suas ervas é temperado por uma taça de whisky por falta de um tinto, em simultâneo dás um gole enquanto beliscas um dos meus mamilos. Pelos vistos estavas mais necessitado do que um “cota” de 50 quando encontra uma donzela dos 21; o seu desejo era apenas carnal, não se tratava de boates ou pensões, os seus sentimentos eram sádicos. Os meus lábios vaginais lacrimejavam, os meus lábios vaginais imploravam pela presença de algum lubrificante, doravante, este passara a uma zona alcatroada.
O incrível é o motor de um BT-50 que tu tens com um cérebro desnutrido, imagino que a tua infância foi corrompida pelo pai que te abusava e uma mãe que se prostituía; mas que culpa eu tenho? Eu já disse que sinto por ti; sinto pelo berço que não foi perfeito, mas te suplico: já basta este cinto por cima de mim! Eu sei que ainda tens um sonho, eu sei que superaste os cornos da Lia e agora já tens a data marcada para a sua lua-de-mel em Veneza; te peço, pára, por favor! Pense na sua noiva, ela que é a rainha das mathunas, pense nos homens que a cobiçam quando ela inclina nas ruas da malanga. Eu sou uma simples Beatriz, não conheço nem a sombra de um Louis Vuitton, mas tu trocas as rodas do Vitz como se fosse de uma bicicleta; tenha piedade de mim, oh meu senhor. Posso até soletrar todo o alfabeto árabe, fazer-te viajar até Marte com um “expert blowjob”, mas por favor, retire o seu material do meu atelier; aqui faz-se obras-primas e não sucatarias. Não quero guardar recordações ‘’penigráficas’’ de uma mente totalmente sexualizada; os orgasmos acabam, o prazer interrompe-se, o sexo viola...não foi com o meu consentimento, e o seu sobrenome é o estupro!
Por Paula Cristina