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1. Escrita nocturna
A madrugada flagra-me,
densa e abraçável. E a confundo.
Os mundos são um simples sorriso.
Eu, na dimensão do que sinto,
escrevo pessoas.
Escrevo pessoas nas pessoas que sentem pessoas vivendo dentro delas, e eu, delas, vivo, também. Eu vivo pessoas e vivo nelas, e o tempo nos morre, ainda assim, escrevo-nas
o outro serão, a infindável morte do que vivemos. As pessoas são a madrugada.
A noite é água,
contudo não deixo de ser verso
agitando a alma dos outros,
sou porque escrevo,
e escrevo porque sou Deus.
2. Hoje é passado
Quero renascer, mas preciso morrer-me
a mim em mim, causar uma morte e, ainda, assisti-la em outra vida.
Preciso antes voltar-me a mim,no tempo que não me existiu e buscar
o que tinha que ser, ou que tenha sido mesmo sem ter tido ideia do que seria
quando fosse definitivamente eu.
Agora, conheço a morte, vivo-na com a mesma inocência da partida do que serei, enquanto me for noutra vida.
Porque o passado me-é hoje e,
eu, não me espero chegar no ser de mim mesmo, por respeito à minha existência
e equidade.
Luís Nhazilo