Esticou os passos, como se a mensurar o chão. Omade, como uma tesoura, sem jeito, corta o asfalto de esguelha, buracos cimentados de areia vermelha. Segue, como a um cão a farejar, a moça que vai defronte, salto alto, golpeando o carpete do passeio; alaranjadas cochas, a roçarem-se como dois ramos tortos, espreitam de baixo da saia curta.
Sequer ousou ultrapassa-la, freou de imediato, logo que a alcançou, porém, a mais ou menos três a quatro metros de distancia.
A sineta da catedral soa, na alta torre, quase a pôr a mão em nuvens baixas, a moça aumenta o passo como se diminuir o tecido da saia. As cochas espreitam. A mostra, a tatuagem de uma flor, rosa, que se via pelo pecíolo, antes.
Fita nela com uns olhos fúlgidos, de modo que pudesse ver a trepidação ao íntimo. Assobiou sua vénia pelos pensamentos. Com voz discreta, sem tirar o redondo dos olhos daquele abanão, gritou para si:
– Caraças, deus não foi é justo… censurou – mulher quando anda é como se a dançar uma música, inaudível – concluiu.
Imaginava-a na cama, toda rebolante, colchão sem fôlego de farfalho, fazendo chiar a, própria, base da cama de madeira, embora soubesse que era acto impossível. Não pelo não ter o lado masculino, mas a própria lábia, não a tinha, o medo o prendia a língua de galanteio; não só, de que mais gosta é ver…
Engoliu a seco ruminando pensamentos que me são indescritíveis fazer menção; se o vissem pelo menos, como embaraçado esteve, para me acreditar. Para dizer a verdade, Omade era um jovem que sempre que via uma mulher, sofria um delírio; os desejos acendiam-lhe como farol.
Para não levantar a poeira de desconfiança, Omade, como uma tesoura, cortou o asfalto de esguelha, buracos cimentados de areia vermelha, dobrou numa esquina; e com a mão esquerda, ergueu a calças pela fivela como um guindaste, enfiou a outra mão (direita), nas cuecas e endireitou o pirolito que se parecia uma osga espiando, não sei quê…
Alerto Bia