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abro as peludas pernas da madrugada. pouso o mastro da doçura carnal entre as coxas que gotejam mel no clítoris do orvalho erecto. desbravo a combustão que penetra o ovário dos meus poros. vejo as mathunas do tempo dançando num pêndulo magnético ancorado nas curvas de uma moldura humana. a sensualidade do ângulo [h]úmido espreita-me o coração das calças. uma mão floreada de fogo afrodisíaco abaixa o zip do meu pensamento e acaricia a minha cabeça de baixo; excita os mamilos da minha mente e os deixa endurecidos; pendura as ancas da minha fome libidinal na exótica lareira da "dor que desatina sem doer"
de repente, o meu sangue ferve. uma alta pressão arterial (brutal e famélica) adocica-me os testículos das sensações. sinto o vocábulo do vulcão sexual chamando-me ao proibido santuário. levito! mastigo a lingerie do silêncio e engulo a calcinha do tempo. visto a safadeza de um excitado e indomável felino,
a tua imagem acampa-se nas janelas do meu pensar como se fosse uma alegre gaivota engravidando-me as entranhas. não é a tua simples imagem; não. é a mais viva caricatura da tua nudez, sua saborosa nudez. sim! transcorres a passarela dos miolos feito lírios ou girassóis acariciando a púbis do osíris. teu corpo é o meu leme, tocas-me e o meu cérebro treme. na verdade, basta-me deitar-me no aroma dos teus gomos para deleitar-me por inteiro. gosto de percorrer os teus lábios, pois - enquanto o faço bebo do veneno que me dá mais vida. aliás, tu não tens lábios; tens favos de mel nos quais o sentido do verdadeiro prazer habita. por isso, sem hesitar, confesso que "o teu nome está inscrito na parte mais úmida de meus testículos suados". sendo assim:
1.
cala-te! não mastigue nenhuma palavra
deixe o nosso amor gritar bem alto
abra a boca mas fale no silêncio...
hoje quero levar-te ao re(canto) mais fausto.
deixe-se levar pela magnitude deste momento
oh! cala-te! nada digas!
palavras às vezes são penumbras de distracções
que se hasteiam e nos roubam o alento.
cala-te! nossos corpos têm tanto por conversar
então...deixe-os faze-lo;
hoje nada nos pode parar
é para ti todo meu zelo...
2.
deixa-me sugar o nódulo
da sua côncava melancia
até achar o ânodo
no qual se arquitecta o mel
que me alicia o elástico sentido.
deixa-me
desbravar sua límpida ogiva.
desenhar o idioma do orgasmo
no coração da sua lagoa íntima.
vestir sua pele plácida
e fortalecer o amálgama
que nos liga.
¹este título é uma frase retirada do poema "carta ao inventor da roda" de Ferreira Gullar.
por: fernando absalão chaúque, in: "lareira de mil gumes afrodisíacos"