Presságio Sonificado


Presságio Sonificado
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A noite chegara carregada de nuvens e com nenhuma estrela poluíndo o céu. Era uma daquelas noites raras, onde a chuva parecia estar na responsabilodade do FMI, tal como esperávamos que se perdoasse as dívidas, esperava-se pela chuva. Se não for dar demasiada expetação a terra verde, a chuva podia ao mínimo lavar as estradas que são banhadas pelo sangue humano.


Quando eram precisamente um quarto para as vinte horas, começou a trovejar e a zona ficou às escuras. Eu estava sôfrego para ver telejornal, queria perceber o argumento que ia se dar para justificar a fuga dos exames antes da hora da realização.

    - Maldita electrecidade!. - Murmurei indo em direção ao quarto.


A melhor coisa a fazer seria repousar o esqueleto, para abrilhantar o dia seguinte com forças e boas ações, uma vez que a electrecidade tinha nos retirado a luz. Quando ia me deitar, ouvi o tecto gritando... eram as nuvens que se desfaziam. Escudei minha cabeça com os lençois e fui ao encontro da minha letargia. O sono tomou conta de mim e me fez viajar até ao futuro, lá a juventude reclamava de tudo e menos nada. Os hospitais estavam desérticos, ninguém ousava procurar serviços medicos nos hopitais gerais... o medo de ser diagnosticado por enfermeiros e médicos frutos da corrupção dominava aquela sociedade. Quase todos optavam em centros de saúde onde os velhos lideravam o atendimento.

As escolas traziam um novo estilo e uma nova abordagem. Os licenciados trabalhavam com as classes preambulares , os mestres com o primeiro ciclo do ensino secundário e os doutores trabalhavam com o segundo ciclo. Para se selecionar o melhor professor primário (licenciado e mestre), baseava-se na ortografia, quem conseguisse escrever corretamente 15 palavras, ganhava o diploma de melhor professor. Quem dava o ditado era o Director da escola, tido como professor macróbio.


Nesse período, as crianças só podiam ver o carvão vegetal nos livros. O gás ainda subvencionava o outro e o suposto dono, usava a parte que podia se considerar resto. O futuro me parecia fantástico, as mulheres eram mais livres, podiam ter mais de um namorado oficial, não existia mais corno e nem sapecas. A liberdade sexual era oficial. As crianças ganhavam maturidade sexual antes dos 15 anos, ja não existia catorzinha, nem Mariazinhas. Elas eram as catorzonas e Marias. Mas que Marias? Esses nomes, apenas se pronunciavam quando o assunto era ancestral.

O chá foi trocado pelo álcool e outras drogas na mesa. Tudo passava a ser oficial, mesmo na escola. Os ladrões comuns não tinham a quem mais roubar, pois os políticos já haviam tirado tudo ao cidadão, até a identidade. Tudo era estranho, as igrejas passaram a vender oficialmente o envagelho, por exemplo, se o pastor pregarsse durante 1 hora, o crente tinha que dar 100mt para poder ganhar bençãos. Tudo do nada mudou. Todo mundo se sentia livre, mais ninguém tinha a liberdade de viver livre. Esta geração nada produzia, se não filhos e desgraça ao país.


Dispertei! Minha mente estava gritando, procurei perceber o que estava acontecendo e veio átona o mundo que vivi durante a viagem incônscia. Olhei para meu país e meus olhos se encheram de lágrimas. Fui as escolas, deixar o recado que o futuro me deixou nos sonhos. Ele pede socorro, pois esta banhado de ignorância e falta de seres humanos, humanos.


Por Jonas Francisco Muchanga
Fernando Absalão Chaúque

Professor, escritor, poeta e blogueiro. Licenciado em Ensino da Lingua Inglesa. Autor de ''Âncora no ventre do tempo'' (2019) e co-autor de ''Barca Oblonga'' (2022).

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