O mais importante é escutar uma péssima música e dançar com prazer


 O mais importante é escutar uma péssima música e dançar com prazer
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Nesta milagrosa vida, dançamos ao rítmo da música do mundo. Há quem opta por dançar ao ritmo da marrabenta, xingombela até xingomana, ora outros mesmo em terras sem o dolar, sem cessar,  degustam das marravilhas daqueles que se julgam donos do mundo. Mas cá entre nós, eles sim, controlam o mundo.
Dizem as filosofias, que o homem nasce livre e a sociedade o corrompe, mas neste país, o homem nasce individado e a sociedade o faz ver que o mundo é dos políticos. Ninguém traça caminhos para buscar a sua mordomia, apenas encontramos caminhos traçados e buscamos a obediência. Aprendemos que não somente a música do nosso belo prazer merece assistir a nossa dança, aqui aprendemos a dançar a música nacional, internacional e regional; mesmo aqueles que se julgam péssimos na dança, nesta eles são obrigados a ser bons - e como são.

Até as crianças crescem dominando esta dança, também é automática. Mas os cantores são também dançarinos, às vezes eles dançam a música do outro, claro, eles não deixam de ser dançarinos da elite, aqueles que só dançam para os VIP's, como os Trump's, daqueles que controlam o mundo.
Mas dentre estes dançarinos, existem os palhaços e nós somos a plateia. Aqueles que ao verem que está actuando a música internacional, procuram criar também uma peça teatral com o título "a busca e captura dos dançarinos da elite". Dentre os dançarinos de baixa renda, existem aqueles que são feitos palhaços sem renda, são simplesmente escravos dos dançarinos da elite. Os dançarinos da elite, vivem em mordomias, usam os dançarinos da baixa renda para garantir essa mordomia.
Estes dançarinos, crescem sabendo que para se dar bem na vida, não precisa ser conhecedor das coisas, portador de diplomas e muito menos amigo do saber, apenas precisa tocar o batuque, degustando da massaroca e acreditando que o sangue só tem uma e única cor. Até que é bom consumir da massaroca, apostar na cor do sangue, e, sabemos que ninguém fala da nossa cultura sem falar do som do batuque. Mas o problema é que os produtores da massaroca, infertilizam a terra, deixam o produtor e o fazedor do batuque com anemia, faltando assim, força para a produção e sangue para tornar poderosa a cor vermelha.


Nossas machambas estam sendo habitadas pela ignorância e é aniquilada a esperança de uma fartura no novo amanhecer. Os agricultores do amanhã, são negados a instrução e o mais agudizante é que eles acarinham este caminho.
Essa música não é digna de uma dança, ninguém preocupa-se com o chão no qual dançamos, todos são empenhados a criar covas perigosas na mesma terra que irão nascer e crescer os filhos. Procuram antes agradar os cantores que nem se preocupam com os dançarinos e muito menos com as suas gerações.
Neste país, o mais importante não é produzir uma boa música para todos escutarem e dançarem com gosto, mas sim escutar uma péssima música e dançar com prazer para tua vida aparentar andar bem, isso mesmo, aparentar andar bem, pois a consciência de cada um entra em crise sempre que abraçamos o mal.
Os que ousam produzir boa música, para o bem comum, são tidos como rebeldes à semelhança dos mentores do RAP ou do vulgo HIP HOP. São conotados e por vezes são amputados a chance de voar. Mas ao contrário dos dançarinos e palhaços de baixa renda, estes dormem na mordomia da vida, são previlegiados pelo bom sono e pela alegria da consciência. Esses sim, sentem a vida.

                            Nunca abrace o mal para ser bem visto " In pensamentos Joniacos"

Autor: Jonas Francisco Muchanga
Fernando Absalão Chaúque

Professor, escritor, poeta e blogueiro. Licenciado em Ensino da Lingua Inglesa. Autor de ''Âncora no ventre do tempo'' (2019) e co-autor de ''Barca Oblonga'' (2022).

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