As Marcas do Tempo, por Calisto Moura


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Saudades tenho do primeiro olhar... Saudades tenho da troca de olhares, por vezes tímida e outras muito sinuosa... Lembro-me do primeiro bocado de palavras que contigo troquei, lembro-me do tremer das mãos, do erijecer do meu corpo junto a ti, lembro do pequeno instante em que recobrei a memória e lembrei que o amor é fogo, ou senão quente ou até húmido de tão humano que é... Saudades tenho daquela respiração pesada e forçada, quando meu corpo quase tronco se achegou ao pé de ti... Saudades tenho da pequena cacimba, saída da boca e das narinas sem nem me dar conta que a cavidade em meus ouvidos também respirava tónicas de paixão...

Saudades tenho da imaturidade deste coração, com aqueles batimentos que em música confundiam o metrônomo e desconpassavam o andamento... Saudades tenho dos pensamentos miúdos acerca de si, de mim e de nós dois... Aquele tempo em que a lógica matemática fazia sentido porque um mais um até para nós era dois... Mas agora já não... Já não nos importamos em somar ou subtrair, por juntos nos tornarmos um só e sei que entre você e eu e a matemática, um de nós se rendeu ao amor... 

Saudades do frio na barriga em meio ao verão, saudades do calor na ponta dos dedos das mãos em meio ao frio do inverno. Pois é! frio do inverno, uma redundância ao ritmo das paixões indevidas ao tom das cicatrizes do inverno tropical ao laço de um dois em um...

Ainda me lembro dos primeiros passos a dois, tímidos, mas nem sempre inseguros... Os tempos se foram e hoje nos damos conta que tanto mudámos, a gosto e a contragosto, mas o sentimento que nos move desde o princípio, continua o mesmo... Por vezes o seu crescimento se confunde com as histórias de revolução a sua volta, mas como um cravo que aprecia a sua própria natureza, não se contenta com o descontentamento de outrem.

Saudades do tempo que não sabia que um dia pensaria tais coisas e tão pouco ás marcaria à tinta e papel no trilho solavancoso da vida... Saudades do tempo que desconhecia a fragilidade deste sentimento, saudades do tempo que não conhecia sua preciosidade... Mas de lá para cá, tenho tido saudades de ser honesto com está coisa que começa num olhar inocente, passando por uma palpitação incontrolável, indo até ao desatino de um pensamento que antes não era seu e que com o passar do tempo, esse se materializa no imaterial que é o coração que ama em medidas com um amor desmedido... 

Por: Calisto Moura

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