1.
Odiei-te em minhas emoções
Quando trovejou a felicidade
Perdida nos teus olhos,
Água derramada sobre mim
Que excita meus sentidos
E confunde meus batimentos cardíacos.
Odiei-te na minha nudez
Riacho que abunda sapos
De desilusão.
2.
Coração desértico
Guarda em mim jazigos de solidão
Rosa sem pétalas ilumina
Um paraíso verde.
Silêncios me negam escutar
Abraços que mimam as madrugadas
Solitárias presas na íris;
Onde devaga a minha companhia?
Nos olhos, a imensidão do céu ou do mar?
3.
Lanço a rede ao mar enxoto
E lamacento, anzol sem isca
Pescando encantos gramaticais...
Bússola perdida nas faunas
Isoladas da minha terra afastada
De tudo e juntada no nada...
Letras abandonam a savana
E caiem nas lágrimas suspensas
Da minha rede, pescadora das
Noites infinitas!
4.
Se viver é ser este africano,
Eu morro dominado pela magia
Enigmática de ser escravo das lamúrias...
Embriagado pelas vozes dos
Mortos dirigindo velhas palhotas
Solitárias.
Se viver é ser este africano
Colonizado pela sólida doutrina
Da solidão, miséria e medo que
Oculta a sorte tirada,
Prefiro acorrentar-me pelo "siyavuma", viver os fantasmas de uma
Vida esquecida...
Prefiro morrer chicoteado pela
Mente desabotoada pelas vivências inaladas nos pulmões
Dos kokwanas.
Se viver é ser este africano, eu morro!
5.
Agarrem a desgraça que me
Desgraçou, o homem que
Roubou-me o fervente coração.
Meu espírito nos montes tristes
Repousa e bebe amarguras da
Sede rasgada pelo coração ausente.
Agarrem a desgraça que me
Desgraçou, o desnaturado que
Prazerosamente tirou-me o fôlego
De viver eternas paixões.
Por Yuney da Advengers