Não podemos construir um País saudável com Jovens Lambe-botas


Não Podemos construir um País Saudável com Jovens Lambebotas
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O lambe-botismo é a mais alta expressão do egoísmo. É uma expressão clara de falta de carácter e falta de amor à pátria. O lambe-bota está, simplesmente, preocupado consigo mesmo e com o calor das suas costas.


O lambe-bota fala de tal forma que cada palavra por ele proferida seja mais uma lenha no fogo das suas costas.

Falar, para o lambe-bota, é procurar lenhas para garantir que o fogo das suas costas arda sem cessar. O lambe-bota  não tem uma causa clara, não confia em si mesmo, mas simplesmente na sua língua.

Existe lambe-botismo na religião. Há pastores que dão conforto aos erros dos seus superiores só para aumentarem as possibilidades de subirem de cargo na igreja.

Existe lambe-botismo na política (pela grandeza desse lambe-botismo, falar dele é sempre reduzi-lo).

Existe lambe-botismo no activismo... enfim, há lambe-botismo em  todas as áreas da sociedade. Existe lambe-botismo na universidade, no trabalho (os mais vividos).  


Contudo, apesar das vertentes do lambe-botismo, existem  pontos comuns em todos lambe-botas.

Eis os traços da linguagem lambe-bótica:
"perfeito",   "óptimo", "sensacional, boss",  "admirável", " muito bem, não tenho mais nada a dizer,  falou tudo", "👏👏👏👏 ", "há falhas, mas estamos a trabalhar",etc.

Nota:
Não digo que as palavras acima apresentadas são, em si, lambe-bóticas, apenas representam o linguajar dos  lambe-botas.

Existem,  igualmente, tabús e insultos para os lambe-botas, isto é, pecados de fala, ou ainda, o que um lambe-bota nunca diz,  respectivamente:
"não concordo; não acho que deve ser assim; a meu ver isto não está bom."

Nota:
Não digo que devemos estar mecanicamente preparados para criticar; apenas vejo a ausência da crítica, do não concordar como um sintoma do lambe-botismo.

Já agora, o que seria do mundo sem a crítica? O que seria de África sem a crítica? O que seria de Moçambique sem a crítica ?

Éramos mono-partidários, alguém  criticou, hoje pelo menos temos mais partidos. Éramos escravos, alguém criticou, algo mudou. A mulher era vista com objecto de prazer e dona de casa, Simone de Beauvoir  criticou, hoje há mulheres na Assembleia da República.

Para mim a crítica é o motor da história. O lambe-botismo é a inércia da história. Devemos ter uma educação para a crítica. Devemos sim   criticar, porém nunca devemos criticar se não for construtivamente.

Nota :
Prefiro um jovem que não critica por temer a tortura a um  jovem que não critica por ter medo de "desaquecer as costas".  

Mais , não disse.



Por : Delso  Vilanculo

Fernando Absalão Chaúque

Professor, escritor, poeta e blogueiro. Licenciado em Ensino da Lingua Inglesa. Autor de ''Âncora no ventre do tempo'' (2019) e co-autor de ''Barca Oblonga'' (2022).

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