Algum artista se sente motivado quando actua diante de um público " funeralista"?
Qual é o sentido do palco? Não será a presença do público? A existência dos gritos, das palmas, do calor ? Julgo que sim.
Não posso negar que o artista, por um lado, é movido pelo amor à arte, porém o feedback é indispensável, é o combustível de qualquer actuação em palco.
É desta forma que muitos de nós, da geração selfie, vivemos. Parece que vivemos num palco de um show em que o sentido do que fazemos depende do feedback, das palmas e dos gritos dos outros.
Cada passo que damos, postamos, mostramos, tanto que há cronologias do facebook que podem ser usadas para escrever uma mini-biografia ou um mini-CV, dada a quantidade de informação particular que lá existe. Nada mal, cada um é senhor do seu destino.
Onde está o problema? O barulho?
O barulho começa quando as pessoas começam a usar a informação que nós mesmos expandimos para fazer dela um bate-papo. Daí, começamos a provocar barulho nos estados e nas cronologias das redes sociais: “cuidem das vossas vidas, da minha cuido eu".
Esquecemo-nos que nem sempre as pessoas vão à busca da informação.
Às vezes, nós é que publicamos e como se trata de uma publicação, é natural que hajam comentários.
Esquecemo-nos que em cada post alimentamos expectativas nos outros e quando já não temos recursos para alimenta-las, as pessoas falam, combram-nos:
"Não foi esse que disse que..." "É esse que postou…” , "Afinal ele não anda no..."
Por todo esse blá blá, acabamos ficando frustrados e culpamos os outros e esquecemos que também somos culpados.
Não posso negar a existência de fofoqueiros, pessoas que gostam de falar das outras, porém, às vezes, nós é que nos vendemos. Tudo por querer viver como um artista que está a actuar num palco.
Somos postistas e a nossa religião virtual é o postismo. O nosso paraíso é a aprovação, são as palmas, são os likes.
Nada mal, cada um é dono da sua vida. Porém, alguns de nós postamos o que não somos, o que não temos, tudo pelo desejo de estar na moda, pelo desejo de estar na vibe, no rítimo, na onda e nos esquecemos que "algo pode estar na moda, porém a moda pode não estar para nós".
Não faça da tua vida um jornal!
Mais, não disse.
Por: Delso Vilanculo