Alerto Bia revela 5 livros que lhe marcaram neste ano - 2018

Alerto Bia

Alerto Bia é poeta e escritor moçambicano já com três obras publicadas. Neste artigo revela-nos os livros que lhe marcaram neste ano 2018. Aliás, a lista é muito longa, porém aqui destacamos apenas cinco que são seguidos por comentários e ou justificativas do próprio Alerto enquanto leitor.

1. O Código Da Vinci de Dan Brown

É uma obra que traz um suspense em informações, traz à tona uma conspiração, o melhor revelar de um segredo protegido por uma sociedade secreta por detrás da controvérsia da imagem de Jesus Cristo mantida em segredo por uma sociedade secreta. Langdon, um “simbologista”, coadjuvado pela Neveu, uma criptógrafa, levam a trama até ao fim com uma fluidez que não cria cansaço.

2. A Confissão da Leoa de Mia Couto

Considero-o um livro sincero cheio de revelações (bombásticas) que se sucederam num povoado em Cabo Delgado. É uma obra escrita entre a ficção e a experiência real. Nesta obra há, contudo, não o que o mote de obra suscita apenas - ataque de leões - e, sim, questões socioculturais e históricas (a condição da mulher e as ruínas da guerra). É antes uma denúncia que um livro que ao invés de ser uma simples narrativa, faz denúncia das mortes sucessivas atribuídas aos leões.

3. A Legítima dor da Dona Sebastião de Lucílio Manjate

Este livro faz um flash social, trazendo o roteiro da dor da dona Sebastião, professora reformada, vendedora nas barracas do Museu, onde a vida se principia. É uma história criminal, (se assim for possível considerar), que envolve uma investigação dos ex-alunos da dona Sebastião, clientes assíduos, ou até mesmo a nós mesmo, pois é lá onde a vida nos interliga. É uma obra que nos clareia os modos de como são encarados os crimes na contemporaneidade, deixando assim um “gap suspense”, provocando uma interrogação nas demais interrogações que nos fluem no cérebro como miolos, numa era em que nunca ninguém é condenado, mas há mais crimes perpetrados. Nem o agente Sthoe, nem ninguém descobre como é o móbil do crime.

4. Mar Morto de Jorge Amado

Não é assim morto como o título sugere, mas se encontram águas que sobrevivem da polpa humana (carnívoras) de preferência à dos marinheiros, se assim o posso dizer. É uma obra carregada de lirismo sentimental (amor dos marinheiros) que se passa no cais da Bahia, onde Guma, um jovem dotado de coragem, aprende as leis do mar e se torna um homem do mar como herança. E por que onde há amor há traição, Guma, o protagonista, trai o seu melhor amigo, e se falha num suicídio destruindo a sua herança (saveiro). Quando a vida se mostra árdua e cruel tudo vale para que ela ande, Guma alia-se ao contrabando de seda que o leva à uma morte trágica.

5. Casa de Recordações de Almica Ismael
O livro Casa de recordações é uma obra sentimental que conta a história da Rita, uma bancária, dos seus cinquenta anos que vai viver para lá na casa da solidão e que é tomada por um enfarto cardíaco. Entretanto, ela pôde se reconstruir do enfarto quando possível, voltando o tempo e enxergando para dentro de si. Nesta obra, Almica atravessa a fronteira do relacionamento entre gerações que se vai gradualmente arruinando, condenando os idosos ao isolamento nas casas de abandono, onde a dor da solidão rói a esperança da vida. Diga-se, enfim, que é um livro que faz denúncias à desumanização e, portanto, tem por finalidade despertar-nos deste lado obscuro de cá, para a verdade, fazendo uma descrição luxuosa da casa dos idosos (casa de abandono) onde “não se sai com vida”.