Não Sou Ninguém – Um livro que denuncia as Iniquidades mundanas

Não Sou Ninguém – Um livro que denuncia as Iniquidades mundanas

Não Sou Ninguém é o livro que marca a estreia de Anísio da Conceição, no mundo literário, que será lançado, no dia 4 de Dezembro do ano em curso, na Matola, no Auditório Carlos Tembe, às 17 horas.

Esta obra poética é dedicada às crianças, especialmente, àquelas que por qualquer motivo, são necessitadas e se encontram desamparadas. O livro é a tradução de um megalómano grito que rasga as mudas gargantas das flores que se vêem a murchar por falta de alguém que as regue.

Em Não Sou Ninguém”, o autor, além de usar o lirismo para produzir emoções, arquitectar sentimentos e propalar o belo, também recorre ao verbo poético, especialmente, para denunciar as desigualdades e as iniquidades tatuadas na epiderme do cosmo. Este facto, evidencia-se, logo, no primeiro poema: ‘’criança desamparada/ cresces quase sem razão/aos pontapés perpetuados sucumbes/ pela madrasta que te empresta lágrimas/ na casa da malograda’’ (p.17).



O escritor Artur Da Távola, afirmou que a importância de um poeta transcende a construção de objectos materiais, pois ele usa a palavra para chegar ao outro e para interrogar sobre o mundo. Lendo ‘’Não Sou Ninguém’’, percebe-se que este poeta, não tenciona mudar o desenrolar das coisas na terra, mas, espera com seus versos esculpidos com mestria tocar o âmago das almas humanas e sugerir uma reflexão crítica em torno das atrocidades mundanas. É por isso que, no poema da página 36, o autor de ‘’Não Sou Ninguém’’ confessa: ‘’meu sonho é ser poeta/ para escrever o quotidiano despido/ tudo o que se passa ao meu redor/ porque nada no íntimo quero guardar’’.

Da maneira como o Anísio retrata as iniquidades, até parece que o livro é um desabafo resultante das suas vivências, tribulações e subterfúgios consecutivos. Ademais, é importante que se levante a seguinte questão: o que levaria alguém a afirmar ‘’não sou ninguém’’? Seria, na verdade, o facto de ser uma sombra inominável? - Não!!! Alguém só pode intitular-se ‘’um ninguém’’ quando tem a sua identidade própria, evidente e bem firmada. Anísio usa esta frase para clamar por um espaço merecido que se lhe é, ardilosamente, roubado: ‘’filho indesejado/ órfão de pais vivos/eu: moribundo vivo’’ (p.29).

Além de colocar na poesia suas inquietações sobre o mundo injusto, feito de desespero e angústia, Anísio Da Conceição também enaltece o poder da palavra, a importância da família, a essência da esperança e a grandiosidade do Espírito Santo.


É esta a obra de estreia deste poeta. Nela, Anísio, revela-se-nos verdadeiro escultor da palavra, como se nos apresenta Bee Yoni, O Dragão, nas notas prefaciais da façanha, quando nos diz que “em cada verso deste poeta, está projectado um sonho embalado num infinito desejo de existir”.


Seja bem-vindo, ‘’Não Sou Ninguém’’!


Parabéns ao autor Anísio Da Conceição!





Por Fernando Absalão Chaúque

Fernando Absalão Chaúque

Professor, escritor, poeta e blogueiro. Licenciado em Ensino da Lingua Inglesa. Autor de ''Âncora no ventre do tempo'' (2019) e co-autor de ''Barca Oblonga'' (2022).

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