Os buracos


Os buracos

Muito bem, com mais de duas décadas de vida você deve imaginar que eu já vi buracos de quase todas as naturezas. Quando eu nasci penduraram em meu pulso esquerdo um botão composto por quatro buracos, desde então o meu relacionamento com buracos tem sido inabdicável. Graças a Deus nasci homem senão esse envolvimento constante com buracos seria questionado.

 


Os buracos das três ''covas'' nos berlindes da adolescência ajudaram-me a ser certeiro na pontaria. Os buracos das argolas oleosas e suculentas dos txobobos na secundária ajudaram-me a ser "expert" na escolha dos melhores buracos para consumir. Já experimentei buracos de diversos tipos, buracos molhados e sujos, secos e limpos, uns mais largos que os outros. Já passei, também, por buracos confortáveis  e seguros, aprazíveis e aromatizados. É claro que  para alguns tive que pagar, aprendi desde cedo que para um bom buraco sempre paga-se.

Mas também há buracos que feliz ou infelizmente ainda não experimentei. Em alguns desses buracos cabe a mão toda, como o buraco das algemas, por exemplo, e noutros buracos só cabe o dedo como no buraco da aliança. 

Vês!!? Há vários buracos que podem sempre ser testados o tamanho com uma parte do nosso corpo e outros só se experimentam uma vez na vida, como o buraco da corda do ''enforque''.




Assim, assume-se que temos todos um Background notável no que concerne aos buracos. Mas há buracos TERRÍVEIS, buracos que nunca os veremos com bons olhos. OS BURACOS DAS ESTRADAS. A AV. Angola por exemplo tem buracos tão caprichosos que chegam a ser a causa dos outros buracos nos pneus dos IST's.

Esses buracos não se destacam só pelo seu tamanho, mas também pela sua capacidade de se manterem discretos sob os olhos da ANE e nunca serem alvo de debate algum, quando no final do dia são a causa da maior indisposição dos condutores.

 Há buracos que parecem penhascos, os nossos brinquedos não entram, simplesmente dispensam naqueles precipícios. Um IST 1.3 patina para escalar os buracos de volta à estrada. 

Nós que já somos especialistas em buracos. Quando chove sabemos como contorna-los; somos especialistas na fuga dos buracos que nos custam os bolsos com os acidentes causados a tentar esquiva-los; são buracos ambiciosos, mas é como tenho dito um bom buraco não está barato, nem na 24 de Julho há buracos mais ambiciosos que AV. Angola.
Eu até imagino os buracos se gabando em monólogos: - Eu sou o buraco mais buracudo de toda buracada e o burro que tentar burrar as minhas buradas vai levar um pau no buraco"

É por isso que ninguém tenta tapar os buracos. Afinal parece que sem eles nós não existiríamos!


Autor: Aldemar do Rosário
Fernando Absalão Chaúque

Professor, escritor, poeta e blogueiro. Licenciado em Ensino da Lingua Inglesa. Autor de ''Âncora no ventre do tempo'' (2019) e co-autor de ''Barca Oblonga'' (2022).

1 Comentários

  1. O buraco da aliança e das algemas custumam ter mesma finalidade, trancanfiar o homem por um determinado periodo, mas prontos, cada um protege o seu buraco e protege-se de ser enfiado num buraco. Acho que é mesmo maldoso o buraco, até precisa de seguranças para que ninguém tenha a ousadia de derrapar nele.

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