O Ponteiro para Casamento





O tempo exige ao homem a questionar o seu quotidiano, conquistas e sobretudo perdas. Não existe um tempo determinado para contrair o matrimônio, e talvez seja por isso, que a juventude brinda ao calor do sangue que corre nas veias. E quando o tempo lembra que há necessidade de procurar por alguém disposto a suportar eternas manias, ignora-se  com um copo de cerveja na mãos ou ajoelhado ao chão reclamando da vida .




Sem tendência machista, a experiência humana prova-nos que as mulheres são as que  ambicionam casamento em detrimento dos homens. Outrossim, é importante sublinhar que este factor não é linear. O que se pode dizer das mulheres preocupadas em casar aos 25/30 anos? O que terá acontecido? Essas questões levam-nos a pensar também na postura actual dos homens. Como se comportam diante das mulheres? Que perspectivas têm para com as namoradas? São perguntas que precisam de Sociólogos, Psicólogos e outros especialistas ajuizados para dar o seu parecer.



Um dos erros dos cientistas sociais é de pensar que a ciência está para desmentir a natureza humana. O relativo fácil acesso ao ensino secundário e superior leva os jovens a pensar que   o casamento é um xadrez inultrapassável. O ciclo de amizade confunde-se com um formigueiro à procura de uma fatia de bolo. Mas passado um tempo o auto-retrato  evidencia as manchas de um passado amargo. A ciência devia ser o veículo para compreender as vivências de forma a melhorá-las.


Um dos aspectos que falham na juventude actual é o excesso de narcisismo e snobismo. O casamento exige, antes de tudo, a renúncia do “eu” para “nós”. A manutenção do “ eu” desvincula os objectivos comuns. Se reparamos com mais cuidado, as prioridades são puramente pessoais. A busca pelo auto-cuidado e consequentemente mostrar à sociedade de que ostenta, em parte, pode ser considerada como um dos factores que atrasa o processo do casamento. Mas se analisamos os homens,  podemos constatar que o machismo prevalece.  Ou seja, há homens que têm princípios que, mesmo não tendo punho para defendê-los impõem-nos. Este facto compromete o curso normal da relação. 


Por sua vez, algumas mulheres confundem feminismo com manias identitárias. Temos de assumir que o casamento é fruto de uma cumplicidade, e quando se ressente de algum comportamento anêmico, o amor perde para indiferença. O padrão comportamental do casal deve coadunar com as perspectivas do futuro. Entendamos que o conceito cumplicidade não é sinônimo de igualdade e, por isso, a perfeição é uma utopia. O status quo pode ser radicalmente alterado se assumirmos que precisamos de estudar ou ouvir modus vivend das sociedades anteriores. A modernidade não obriga aos homens a ser indiferentes ao seu futuro. É preciso (re) inventar o modelo de vida para que a desesperança não se configure numa identidade dos jovens.


Natureza humana obriga-nos a viver a dois. Podemos fingir felicidade por trás de um livro, bíblia ou mesmo sentados defronte de uma secretária a dactilografar. Mas o ponteiro do casamento depende do padrão comportamental e também da vontade. Cada acção tem consequência. A busca pela felicidade é ininterrupta, e para isso, os jovens devem parar de lamentar e refletir sobre as suas acções.


Jorge Azevedo Zamba
Fernando Absalão Chaúque

Professor, escritor, poeta e blogueiro. Licenciado em Ensino da Lingua Inglesa. Autor de ''Âncora no ventre do tempo'' (2019) e co-autor de ''Barca Oblonga'' (2022).

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