Tio Rungo
Tio Rungo, passava o resto dos seus dias manejando estradas solitárias em busca duma bússola de destinos.
-Eu tenho um sonho, e este sonho infectou o mundo, um sonho de antigas fronteiras do tempo, um sonho do escurecer da terra.
Cismava sempre que se sentia só, no seu bafo de cigarros mal fumados pela manhã, mascados naquele fúria dos sismos térreos.
Tio Rungo fora um homem de temida existência, combatera com os nascituros das terras polares, os ditos mulungos, "Gajos mal nascidos, ou melhor, nascidos prematuramente" como dizia o velho Jacob, bem bebido das cachaças de Sope (aguardente na designação da língua chope).
Tio Rungo, combatera em épocas de férrea inimizade das raças, nos tempos lá idos com a corrente das águas que transportou a barcaça dos escravos negros para o ocidente. E actualmente, no passado recente, se tornava a cada brilho do sol, num homem das sombras. Solitário, frio e seco no semblante. Sua alma podia tocar-se inteira a dedos no museu da inexistência.
Cada partícula do seu corpo ganhava vida autónoma, cada órgão em seu corpo ditava seus próprios movimentos e vontades, sua fisionomia desestruturava- se com a idade. Faleciam os seus ossos débeis de velhice avançada.
Num dia de sol dilacerante, saiu até as ancas da metrópole, bem em frente da Administração, serenou os movimentos, baixou as calças até a altura do salário dos funcionários públicos e agachou-se a mesma altura, defecou a olheira da saída principal da Administração. Suas fezes tomaram o vento em cheiro característico, cheiro de injustiça, angústia, dor e lamentação.
- Como um homem que ganhou a liberdade ainda deve tributos a um outro de raça desigual?
Lamentou enquanto se ia pela avenida afora feliz da vida, porque o seu sonho se realizara, cagar em frente da administração como Venâncio deixou aos Manipuladores da Democracia Moçambicana (MDM), seus vómitos recheados de insatisfação.
Autor: Jeconias Mocumbe
.heheheh...nos males que assolam a nossa atualidade.
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