Murcha do brilho, natureza impura;
És tu Maputo, cidade sem encanto
Que cruzas confluências de encantos;
Acácias morrem na desgraça emergente,
Esperança sepultada nas barbas velhas
Dos 130 anos idos;
Pérola murcha sem desenvolvimento
Sustentável, sem cultura ambiental;
És mulher órfã de protecção
Cujas infraestruturas ejaculam destruição;
Maputo terra de desenvolvimento desigual
Num contexto social angelical,
Maputo és epicentro de identidades
Que denunciam diversidades;
Maputo flora murcha, sem brilho e encanto.
Sócrates Mayer
2. Queria ser feliz
Queria ser feliz
Livre como os pássaros
E autónomo como a perdiz;
Queria ser fonte do amor
E á todos contagiar
Com esse feitiço engajador;
Queria meu povo alegrar,
Burgueses meus sarcasticar;
Maravilhas cantar
E em cada humano alegrias cravar,
Mas o presente me condena
O passado me degola
E a fome me esfola.
Apenas quero ser africano
Amorfo como moçambicano
Que morre na caverna da utopia
Em troca da devorante miséria.
Ó África! Quero ser feliz
Mas teu passado me condena
Teu presente me á catana
E o teu futuro é reflexo do outrora.
Sócrates Mayer
3. Da sociedade Ignota
Fui gestado como patrão
Queimado como alcatrão
A história levou-me à escravidão,
Ao som do chicote danço
Na fome permanente
Onde á dor me aparta
E o amor me desaparta;
Sou originário da negritude
Do conto sem virtude
Que a alma corrói
E meu planeta destrói,
Sou da sociedade ignota
Da mentalidade esclavagista
Que minha alma de sangue fermenta.
Sócrates Mayer
4. Era infeliz
Até o momento que seduziste
Meus desejos
Alienando meu coração
Que só desenhava seu planeta
Esse perfeito planeta humano
Desenhado com régua e esquadro
Requintado com lápis de cor
Que orbita num inocente olhar
Que á todos contagia
Minha alma vicia
Para piorar moras em outro colo
Deixando-me distante de teu consolo;
Teu planeta corporal é mágico
Que vai me tornando nostálgico
Ao ponto de abdicar de tudo
Só para morar em seu berço,
São desvarios que me levam a ti
E tu à mim nessa maratona ilusória
Que me perde em sua trajetória;
Só de olhar sinto-me teu Romeu
E tu meu blindado troféu
Que orbita nos sentimentos avassaladores
E olhares devoradores.
No silêncio da tarde
Sou feliz em seu planeta
Onde tudo me consola
E teu mundo afugenta minhas carências;
Na madrugada me perco em seu leito
Me alegro em seu peito
Percorrendo seu planeta que me faz
Escravo de mim.
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AUTOR: Sócrates Mayer
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