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á tanto tempo que uma dor o arrasava e
o varria impetuosamente no peito. Uma sensação intransigente atravessava-o
constantemente como um veneno. Seu infortúnio de achar uma mulher para
satisfazer sua apetência sexual absorvia-o os pensamentos; torturava-lhe o
sexo. Vivia momentos insuportáveis!
Por vezes corriam-lhe ideias de estuprar a qualquer mulher que lhe
viesse pela frente. De mais aborrecido que estava consigo mesmo, num certo dia,
ao pôr-do-sol, a noite estendia-se sobre os tugúrios, montanhas, e as estrelas
cintilavam paulatinamente uma a uma, decidiu despender alguns meticais que os tinha em posse para pagar uma dessas
mulheres que leiloam sexo de noite.
– Ah, seu idiota, viva como quiser viver!
– Persuadiu-se.
Despendurava a jaqueta de capuz que pendia num prego com o feixe de ar
que se adentrava, no seu minúsculo compartimento, por uma janela escancarada. O
jovem saiu perambulando pelas traseiras da noite em direcção à avenida da
marginal.
Avizinhou-se duma dessas mulheres vilezas que superlotam as cercanias da
marginal no bosque escuro da noite. Por sinal a com beleza celestial. Tinha
peito alto e parado. Trajava uma saia-colante de pouco tecido que deixava suas
cochas alaranjadas descobertas, e revelava os contornos de toda a sua figura.
O jovem adoecera de tanta beleza na besta. Mas não doença de doença. Seu
órgão se flagrava hirto de furar as calças.
– Quanto vales?
– Pôs-se a indagar sem delongas.
– 120 (cento e vinte)
– Disse a mulher.
Num tremeluzir do olhar, dissolveram-se seus espectros pela boca escura
do tugúrio.
Um murmúrio quase surdo ressoou no interior do tugúrio evadindo-se pelos
porros da ventilação: – Paga! Ressoou
a voz da mulher cheirando a hálito de canábis. Num instante efémero, ouviu-se,
seguidamente, farfalhos repentinos e indistintos conferindo os meticais. Uns
minutos depois, a mulher ergueu o saiote e prostrou-se sobre uma capulana
esticada no soalho, deixando suas intimidades alienáveis, enquanto, o jovem
baixava as calças aos joelhos deixando seu cajado involucrar-se pelo preservative.
Um apagão dos sentidos fundiu-se. Num ímpeto de hesitações efémeras,
espargia fluido branco e espesso directamente no orifício, pois a estourara o preservative. Nem com isso, nenhum
perigo o corria pela cabeça. Sorridente, suspirava de alívio; seus olhos
brilhavam uma nova esperança; seu sangue corria como o chumbo derretido, dentro
das veias. Sem dizer palavra, apressou-se a levantar as calças e saiu aos
passos galopantes, sem se despedir. No mesmo instante, mais outro par fazia das
suas num canto ao lado. Enquanto, mais um outro par percorria vão escuro do
porão adentro.
De tanto vicio, havia dias que binava, mas com mulheres diferentes; a
maior das vezes quase sem protecção, pois sempre se rompiam os preservatives.
Doze meses depois, uma febre alternada com calafrios apoderava-se dele,
e por momentos, repentinamente o coração começava a bater-lhe com tanta força
que se via obrigado a se apoiar em alguma parede. O diagnóstico da sua situação
medicamentosa sai próxima semana, entre quarta-feira, quinta, ou sexta-feira,
porque é uma ‘’semana prolongada’’,
e o departamento das análises e testes não trabalha aos finais de semanas nem
feriados e tolerâncias.
– Seja lá o que for, infernizem-se essas
bestas! – Murmurava com os lábios inflamados estrebuchando. – Paguei a morte! –
Continuou crucificando-se pelos seus erros.
Pelo resto do corpo todo floriam feridas à flor da pele. Dois dias antes
do resultado do diagnostico, encontrara se óbito.
Autor: Alerto Bia