Caso Mocímboa da Praia: matar Director da UIR foi lançar ao lixo ultimato do Comandante Geral da PRM!
Foto AQUI |
Sabe-se que, a
população da vila da Mocímboa da Praia, na Província nortenha de Cabo Delgado,
vive momentos tenebrosos e de muito terror, facto que resulta da invasão à vila
de um grupo composto por cerca de 30 homens, conforme tem vindo a se noticiar,
que no entanto, mais de uma centena de pessoas já foram detidas suspeitas de
pertencerem ao grupo.
Ainda de acordo
que as informações que jazem nos órgãos de comunicação, como pelas redes
sociais, diz tratar-se de homens que supostamente pertencem ao Harakat Al
Shabab al- Mujahiden, um movimento conhecido geralmente como Al Shabaab, que
aventa-se ser de berço islâmico-radical da extinta União das Cortesias
Islâmicas da Somália no ano de 2006.
Entretanto,
ainda que muito se avente a possibilidade de tratar-se de Al-Shabaab, o certo é
que a Polícia da República de Moçambique, através dos titulares de várias repartições,
incluindo o seu Comandante Geral, resiste em associar este grupo ao movimento
Al Shabaab, preferindo considerar o mesmo como um grupo de homens armados.
Em nosso
entender, tal resistência pode ser motivada por razões de ordem estratégica,
tomando em consideração o forte intervencionismo da religião islâmica na vida
social e económica do partido Frelimo e do país e, acima de tudo, pelo fato de
o país fazer parte da Organização para a Cooperação Islâmica. Daí a calma em
formalmente acusar este grupo como seja associado a seita islâmica.
Al Shabaab,
seita religiosa de conotações islâmicas, é reconhecida internacionalmente como
um grupo terrorista que já protagonizou o maior ataque da história da Somália
que culminou com a morte de mais de 300 pessoas. Já em 2015, foi também responsável
pelo ataque ao Campus de uma universidade na cidade de Garriça, no nordeste do
Quênia, e deixou mais de 140 estudantes mortos.
O mesmo Al
Shabaab, dois anos depois, em 2017, o grupo terá reivindicado e assumindo a
responsabilidade pelo ataque que deixou dezenas de mortos num Centro Comercial
na capital queniana de Nairobi. Foi, igualmente, responsável por um ataque
suicida duplo na capital de Uganda, que matou cerca de 70 pessoas que assistiam
pela televisão à final da copa do mundo de futebol, em 2010.
Indo ao cerne
da nossa questão, assassinando o Director Nacional de Reconhecimento da União
de Intervenção Rápida (UIR), os atacantes jogam ao lixo às palavras do
Comandante Geral da PRM, que na passada quinta-feira (14), lembrando muito as
palavras do General colonial português Káulza de Arriaga, deu um ultimato aos
infestadores da ordem e tranquilidade públicas em Mocímboa da Praia.
Em nosso
entender, não há sombras de dúvidas de que este ataque constitui uma resposta
em relação ao pronunciamento do então Comandante Geral da PRM, Bernardino
Rafael, apelando a rendição dos autores dos ataques armados à Mocímboa da
Praia, concedendo-os um prazo de 7 dias – menos 7 de que Arriaga fiava-se que,
dentro desses, pudesse liquidar a Frelimo, ou melhor, a FRELIMO.
Este recente
ataque, que culminou com a morte do Director Nacional de Reconhecimento da IUR,
“qualquerizou”, dizemos, vulgarizou as nossas autoridades administrativas e,
como elas, o nosso Comandante Geral da PRM. Isto é bastante grave em um Estado
que diz-se ser soberano como o nosso. Esta baixa atribuiu um certificado de
fragilidade das nossas forças.
Ora, se bem que
nesta quinta-feira (21), as palavras do Comandante completam o seu sétimo dia, e
como vemos, grupo algum se entregou, e pior, vulgarizou-se as nossas forças,
daí a questão: será que aguardaremos pelo fim dos sete dias para que o Estado
se retalie destes ataques? Só depois de quinta-feira decidiremos apontar este
grupo como terrorista?
Estes ataques,
até então, colocam à vista de todos as fraquezas das nossas forças, porquanto
já vamos ao segundo mês que estes ataques não cessam, claro, sem nos furtar dos
escassos momentos de tréguas que este grupo nos concedeu como se de um favor se
tratasse. O grupo tomou Mocímboa da Praia como “casa-da-mãe-joana”, em que
quando quer, faz e desfaz!
É preciso que o
Estado o mais rápido possível tome um posicionamento, pois estes ataques podem
agudizar a actual situação de crise económica que o país vive, sendo que a
população daquela zona já começa a se movimentar para zonas seguras,
abandonando suas localidades onde tem os seus campos de produção que
desenvolviam as suas actividades agrícolas.
Tratando-se
efectivamente de um grupo terroristas, o que é muito provável ao nosso ver,
isso porque até centros de formação ou escolas clandestinas, de acordo com a
reportagem dada há um mês pela Soico Televisão - STV, este grupo detinha, de
algum modo, difícil para o nosso Estado será eliminar este grupo e, consequentemente,
travar o seu expansionismo.
Aliás,
salientamos, que poucos são os Estados, a nível do Sistema Internacional, que
conseguem conter empreitadas terroristas, visto que estes grupos, muitas vezes,
«usam mecanismos tradicionais de combate que é a guerra de guerrilha», o que
lhes torna de identificação confusa, isto é, se se tratam de movimentos
armados, eles próprios, ou então da população, que está por detrás desses
ataques, daí as centenas de detenções em Mocímboa da Praia.
Apelamos ao Estado, através das suas forças,
como também por intermédio de seu poder diplomático, a encontrar soluções
domésticas como internacionais para travar este mal que, hoje, está em Mocímboa
da Praia, mas doravante poderá estender-se para outros cantos do país, e pior
ainda, será quando este grupo conquistar mais adeptos, deliberada ou
ingenuamente, como crianças e jovens.
Assinantes: Bitone Viage & Ivan Maússe