Papel do Estudante de Direito na Comunidade! por Bitone Viage & Ivan Maússe

Papel do Estudante de Direito na Comunidade! por Bitone Viage & Ivan Maússe
Law- Foto por dreamstime.com


Comemora-se hoje, dia 17 de Novembro, o Dia Internacional do Estudante. Uma data que deve ser olhada como uma oportunidade para se repensar sobre a qualidade e sentido de ser estudante, facto que naturalmente deve ser feito por cada um, isso na área em que se predispôs a seguir ou a estudar.
Conquanto reconheçamos da importância das outras áreas de conhecimento, neste texto pretendemos dar foco ao «Papel do Estudante de Direito na Comunidade», conforme o próprio título do texto já sugere, porquanto revela-se uma área perspicaz da sociedade e vem atraindo muitos jovens estudantes.

1.         O Direito enquanto ordem normativa:

Todas as sociedades humanas para assegurarem uma boa convivência entre os seus membros e, por consequência, garantirem o seu progresso, carecem de leis e que se pretendam imperativas, cuja violação resulte na aplicação de sanções aos infractores, desencorajando a reincidência e práticas novas.

É do nosso humildade entendimento, que um Estado suficientemente de Direito e Democrático, não é o que possui um invejável volume de leis, mas o que seus membros as conhecem e são fiéis aos seus comandos, e enquanto as suas instituições, ao todo, funcionarem livre, transparente e imparcialmente.

Moçambique sendo um daqueles Estados que possuem um robusto e gigantesco arsenal legislativo, mas, em contrapartida, um dos piores exemplos no tocante a publicidade destas leis aos seus cidadãos, contribuindo para o seu desrespeito, “ao Estudante de Direito é-lhe reservado um DEVER PATRIÓTICO”.

2.         Do lugar do estudante de Direito na comunidade:

Como ponto de partida, é do nosso entendimento que o estudante de Direito deve, em primeira medida, desenvolver o espírito de sentido de pertença relativamente à comunidade em que este se acha inserido participando e agindo sobre todos os eventos, problemas e desafios ali emergentes.
E porque a nível dos nossos bairros “é notório o nível de ignorância da lei, entre deveres e direitos que assistem os cidadãos”, seria de bom-grado que o estudante de Direito, durante as reuniões do bairro, participasse e interviesse conscientizando e ajudando aos patrícios sobre temáticas de âmbito jurídico.

Não são poucos os casos de ocorrência de violência doméstica e sexual na vizinhança, de cidadãos que compram produtos fora-do-prazo, de pessoas que, por lei, não deviam estar sujeitas a determinadas tributações municipais e outras cobranças ilícitas, carecidas da intervenção do nosso aspirante à jurista.

A existência de rádios comunitárias em determinadas vilas, cidades e municípios do nosso país deve, em nosso entender, constituir uma nobre oportunidade para que o estudante de Direito empreste os seus conhecimentos jurídicos, durante as emissões destes meios ao bem da comunidade-ouvinte respectiva.

Sendo verdade que existe, a nível das universidades, agremiações representativas dos estudantes de Direito, cremos que podiam incluir nas suas agendas de actividades uma espécie de voluntariado dando, quando oportuno, e em concerto com as autoridades civis, básica consultoria jurídica às comunidades.

Uma aposta pela visita nas escolas primárias e secundárias, constituiria uma sublime oportunidade para que os estudantes de Direito conscientizassem os nossos jovens e adolescentes sobre os mais elementares direitos e interesses legítimos que a lei lhos assiste, até aqui desconhecidos, infelizmente.
Ademais, em alguns casos, por conta do desconhecimento da lei, as nossas autoridades do bairro têm agido como verdadeiros aplicadores do Direito (Juízes de Direito), mas em contramão aos preceitos legais, logo, o estudante de Direito prestaria assessoria à estes homens em determinadas circunstâncias.

Finalmente, e de forma ainda mais imediata, a aposta na publicação e partilha de textos pelas redes sociais discutindo matérias do campo prático-jurídico com uma notável relevância para as nossas comunidades é, de per si, realizável e louvável, sendo que, no fim, todos sairíamos a ganhar como país.

3.        Considerações finais:

Humildemente, sentimos que os conhecimentos que aprendemos numa situação formal de ensino devem ser aplicados na prática para a identificação, análise, reflexão e, quando possível, para a resolução dos dilemas mais comuns que apoquentam de perto as nossas comunidades, em vários níveis.

Contudo, os propósitos até aqui sugeridos, só seriam viáveis se todos nós, na qualidade de aspirantes à juristas abdicássemos de qualquer forma de arrogância, de orgulho ou soberba que, infelizmente, muito deixamos transparecer, ainda que de forma ingénua ou desprovida, achando-nos “eruditos e sabe-tudo”.



Assinantes: Bitone Viage & Ivan Maússe
Fernando Absalão Chaúque

Professor, escritor, poeta e blogueiro. Licenciado em Ensino da Lingua Inglesa. Autor de ''Âncora no ventre do tempo'' (2019) e co-autor de ''Barca Oblonga'' (2022).

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