A crítica literária #3: Crítica pós-colonial, Teoria crítica e a Nova crítica literária

 A CRÍTICA LITERÁRIA #3

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A crítica literária #3: Crítica pós-colonial, Teoria crítica e a Nova crítica literária

A crítica literária é literalmente milenar. Temos lutado ao longo da nossa história para compreender a arte, especialmente a arte literária. Desde Aristóteles até a Nova Crítica, com a grande influência de movimentos como a Teoria Crítica no meio, questionamos e damos respostas ao como criticar a literatura.



A crítica literária: Crítica pós-colonial, Teoria crítica e a Nova crítica literária


5. Crítica pós-colonial e Crítica Literária 

 A crítica literária pós-colonial é um tipo de análise literária que procura compreender as formas como a literatura produzida nos países colonizados reflecte e critica as experiências do colonialismo e as suas consequências. Este tipo de crítica surgiu no final do século XX como uma resposta à tradição literária ocidental dominante e à sua tendência para ignorar ou marginalizar as vozes e perspectivas dos povos colonizados.

Um dos conceitos-chave da crítica literária pós-colonial é a ideia de “discurso colonial”. Isto refere-se às formas como as potências coloniais utilizaram a língua e a literatura para justificar o seu domínio e exploração dos povos colonizados. Por exemplo, o discurso colonial retratava frequentemente povos colonizados como inferiores, selvagens, ou incivilizados, para justificar a imposição da cultura e valores ocidentais.

Outro conceito importante na crítica literária pós-colonial é a ideia de “hibridismo”. Isto refere-se à mistura de diferentes influências culturais na literatura produzida nos países colonizados.

Por exemplo, a literatura da Índia pode reflectir tanto influências culturais indianas como britânicas, como resultado da história da colonização britânica do país. Este hibridismo pode ser visto tanto como um reflexo da mistura cultural que ocorreu sob o colonialismo, como uma resistência aos efeitos homogeneizantes do colonialismo.

Um terceiro conceito-chave na crítica literária pós-colonial é a ideia de “subalternidade”. Cujo refere-se às formas como os povos colonizados foram posicionados como subordinados aos poderes coloniais. Isto pode ser visto nas formas como a literatura produzida pelos povos colonizados reflecte frequentemente as experiências de opressão e marginalização. Por exemplo, a literatura de África pode retratar as formas como os povos colonizados foram forçados a trabalhar em quintas de propriedade europeia, ou as formas como foram forçados a adoptar práticas religiosas ocidentais.

A crítica literária pós-colonial também se centra frequentemente na forma como a literatura produzida nos países colonizados reflecte o processo de descolonização e as lutas pela independência. Assim, a literatura da Índia pode retratar as formas como os líderes indianos lutaram contra o domínio britânico, ou as formas como os cidadãos indianos foram afectados pela divisão do país em 1947.


6. Teoria Crítica e Crítica Literária

A teoria crítica e a crítica literária são dois campos intimamente relacionados que têm desempenhado um papel importante na formação da nossa compreensão da literatura e da sua relação com a sociedade. A teoria crítica, que surgiu no início do século XX, é uma abordagem ampla e interdisciplinar que procura compreender como a literatura e outras formas de produção cultural reflectem e moldam as condições sociais e políticas em que são produzidas. A crítica literária, por outro lado, é um campo mais específico que se centra na análise e interpretação de textos literários. Tanto a teoria crítica como a crítica literária partilham um objectivo comum de descobrir os significados e ideologias subjacentes na literatura e outras formas de produção cultural.

As origens da teoria crítica podem ser rastreadas até à Escola de Frankfurt, um grupo de intelectuais alemães que procurou compreender as condições sociais e políticas que deram origem ao fascismo na Europa.

Os teóricos da Escola de Frankfurt, tais como Theodor Adorno, Max Horkheimer e Herbert Marc use, argumentaram que a literatura e outras formas de produção cultural não eram simplesmente expressões neutras da criatividade artística, mas que estavam profundamente enraizadas nas condições sociais e políticas do seu tempo. Eles acreditavam que a literatura e outras formas de produção cultural desempenhavam um papel crucial na formação dos pensamentos e crenças dos indivíduos e da sociedade como um todo.

Uma das ideias-chave da teoria crítica é que considera que a literatura e outras formas de produção cultural não são simplesmente reflexos da realidade, mas antes moldam e constroem activamente a nossa compreensão da realidade. Isto significa que a literatura e outras formas de produção cultural não são simplesmente espelhos passivos que reflectem o mundo, mas sim agentes activos que moldam a nossa compreensão do mundo. Isto é uma visão importante porque significa que a literatura não é simplesmente uma expressão neutra da criatividade artística, mas está profundamente enraizada nas condições sociais e políticas do seu tempo.

Em conclusão, a teoria crítica e a crítica literária são dois campos intimamente relacionados que têm desempenhado um papel importante na formação da nossa compreensão da literatura e da sua relação com a sociedade. Tanto a teoria crítica como a crítica literária partilham um objectivo comum de descobrir os significados e ideologias subjacentes na literatura e outras formas de produção cultural. A teoria crítica proporciona uma abordagem ampla e interdisciplinar que tende a compreender como a literatura e outras formas de produção cultural reflectem e moldam as condições sociais e políticas em que são produzidas, enquanto a crítica literária se concentra na análise e interpretação de textos literários para compreender os significados e ideologias subjacentes na literatura.

A crítica literária, por outro lado, é um campo mais específico que se centra na análise e interpretação de textos literários. O objectivo da crítica literária é compreender os significados e ideologias subjacentes na literatura e outras formas de produção cultural. A crítica literária utiliza uma variedade de métodos, tais como a leitura próxima, a análise histórica e a análise psicanalítica, para desvendar os significados e ideologias subjacentes na literatura.

Uma das ideias-chave da crítica literária é que a literatura não é simplesmente um reflexo da realidade, mas que, pelo contrário, molda e constrói activamente a nossa compreensão da realidade. Juntos, estes campos ajudaram-nos a compreender a complexa relação entre a literatura e a sociedade, e como a literatura e outras formas de produção cultural moldam a nossa compreensão do mundo.


7. A Nova crítica literária

Um outro conceito importante na nova crítica literária é a ideia de intertextualidade. Esta teoria, inicialmente proposta por Julia Kristeva, sugere que todos os textos estão interligados e que o significado de um texto é moldado pelos outros textos a que se refere ou a que alude. Este conceito enfatiza a importância de considerar a tradição literária e o contexto cultural em que um texto é produzido, bem como as formas como este se relaciona com outros textos.

A nova crítica literária também desafia a ideia de que a literatura tem um significado único e objectivo. Em vez disso, sugere que o significado é criado através do acto de ler e interpretar. Esta abordagem enfatiza a importância de considerar a subjectividade do próprio leitor e as formas como as suas próprias experiências e perspectivas moldam a sua interpretação de um texto.

Para além destes conceitos teóricos, a nova crítica literária também se centra nas formas como a literatura é moldada por factores sociais e culturais. Esta abordagem enfatiza a importância de considerar as formas como a literatura reflecte e reforça as ideologias dominantes e as estruturas de poder, encorajando também os leitores a considerar as formas como a literatura pode desafiar e subverter estas ideologias e estruturas de poder.

Fim!



Título: A crítica literária

Título original: Literary criticism

Autor: The philosophy room (https://www.facebook.com/philroomkhi

Tradução: Daúde Amade

Revisão: Fernando Absalão Chaúque

Fernando Absalão Chaúque

Professor, escritor, poeta e blogueiro. Licenciado em Ensino da Lingua Inglesa. Autor de ''Âncora no ventre do tempo'' (2019) e co-autor de ''Barca Oblonga'' (2022).

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