Sal que se deita ao fogo - 2 Poemas de Ildo Isac Temótio

 

1. Carta muda 


Sal que se deita ao fogo - 2 Poemas de Ildo Isac Temótio
Unsplash 


És este poema que crepito nas entranhas da madrugada

- o sal que se deita ao fogo

um suave beijo nos poros do sol a deitar-se 


Teu amante pacato;

tens linhas do equador no teu sorriso 

nos teus olhos polidos 

dedicado a lápis

que movem a alma 

o corpo 

e este coração que agora só a ti pertence 


Se conhecesses este amor

Vai por mim

desatavas os fantasmas 

- a alma do outro mundo – 

saqueavas este outeiro

que sacode o peito 

e mais grave quando te fazes perto 


Sujeite-se à sorte. 

Não sou exemplo, mas há tipos que prestam


2.Um pulmão reserva para o coração que ousa amar 

Unsplash



Ou este poema seria-nos um pulmão reserva/ um coração/batimentos entre

engenhos falhados/ tenho sonhos com esta mão gelada/

Aspira/

tossida,

move as andorinhas

num automático vôo

de refúgio.

Mas tu, coração, odeias tudo em mim: a minha vida; a dúvida dela/

a divida que se te incumbe: amar um deficiente/ ou o próprio amor aleijado. 

A civilização que ignoras/

Sou este homem

à metade

com coragem

de amar-te

por inteiro

Seguro-te, coração, com a mão confusa/defeituosa/

tu - também - não estás melhor que isto.


***


Ildo Isac Temótio

Ildo Isac Temótio, de seu pseudónimo Ossulo Wa Nripa, é um jovem amante da arte (cantor, compositor e ator de teatro), nascido aos 22 de Novembro de 1999, na Cidade da Matola, Província de Maputo. 

- 2017 - Assume a escrita muito influenciado pelas leituras de Eduardo White, João Mendes, Mia Couto, Rui Zink e outros.

- 2019 - Nripa participa de um concurso de Poesia promovido pela Fundação Emílio Leite Couto;

- 2020 - Foi publicado na coletânea “Quarenta poemas em quarentena”, organizada pelo projecto “Seja a Poesia Que Há em Si”; 

- 2022 – termina seu segundo projecto de literário intitulado “Uma encruzilhada na beirada da orgia e: uns poemas de mortalha”;

- 2022 – Foi publicado na coletânea “Espíritos quânticos: uma viagem por histórias de Africa em ficção especulativa”, organizada pela Virgília Ferrão, editora da revista “Diários de uma qawwi”;

- 2022 – Fez parte dos vencedores do concurso de crónicas sobre água, organizado pela editora Fundza e  publicado na coletânea “Água”.

Enviar um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem