1.
À
Dina
Régua
pousa
sobre corpo da angústia.
Lágrima
é lápis riscando rios.
Silêncio
desenha tua ausência.
2.
À
Dina
E
crescem
neste
meu exacto olhar
olhos
cinza
do
muro a te assaltar costas
da
sombra
e
metáfora
pede mais cimento
para
pés
e
são
tantas horas sem relógio
e
ardo-me
para
dentro das angústias
e
vento
penteia pedaços de lua
espalhados
ao chão da sombra
fogo
debaixo do teu nariz
e
dilatam-se
meus rios
para
fundo
do
sorriso da tua fotografia
hasteada
na saudade
a
voar
na
estrada dos teus passos
a
mim
3.
À
Dina
Casa
sentada
nos ombros
do
músculo
a
arder
ao
fundo duma porta
feminina
4.
À
Dina
Afinal
arder
íris
do
olhar meu
ao
lume
do
teu sorriso
é
ou não é
inferno?
5.
À
Dina
Duas
mãos
levam
coração
para
dentro
do
poema.
outros
dez dedos
cantam
delírios
nas
costas.
dois
pés:
direito
ou esquerdo,
levam
músculo
dos
rios,
ao
átrio
da
lua cheia.
de
tensas veias,
terceiro
pé
penetra
fronteiras
da
pátria amada.
tremem
gritos.
6.
À
Dina
Vento
tem teus pés
sinto
teus passos
debaixo
dos poros
deste
poema.
Sobre o autor: Britos Baptista, moçambicano, nascido no distrito de Mocuba, na província da Zambézia, em 29 de Março de 1992. É professor. É tradutor e Intérprete Ajuramentado de Francês/Português e Vice-versa. É licenciado pela UEM (Universidade Eduardo Mondlane). É escritor e poeta. É membro da AMOJOF (Associação Moçambicana dos Jovens Francófonos) e da AEZA (Associação dos Escritores da Zambézia). É Coordenador do Clube do Livro de Quelimane. Foi um dos vencedores do concurso de Poesia Desenha-me A Tua Liberdade, em 2016. Participou na Antologia Poética Melhores Novos Poetas Africanos, em 2016 e na colectânea de poesia Desenha-me A Tua Liberdade, no mesmo ano. Foi segundo classificado, no concurso de Poesia Printemps Des Poètes, em 2019. Participou na Coletânea de Prosa 19 cartas para a covid-19, organizada pela Xitende, e publicada pela Oleba Editores, em 2020.